quarta-feira, 4 de julho de 2018

18 anos de presença MSF no Alto Juruá (3)


Uma nova iniciativa missionária na região Amazônica

A terceira iniciativa pastoral dos Missionários da Sagrada Família na Amazônia foi também uma iniciativa da Província do Brasil Meridional e debutou há 18 anos (julho de 2000), na prelazia de Tefé, situada na Amazônia Ocidental, no estado do Amazonas. O território abrange uma área de 266.269 km2 e população é formada principalmente por descendentes de índios. São os chamados “caboclos”, resultado da mistura dos índios com os nordestinos que lá chegaram no período forte da expansão da borracha (início século XX).

A Prelazia de Tefé nos confiou a área compreendida pelas paróquias de Carauari e Itamarati, ao longo do rio Juruá, afluente esquerdo do rio Solimões-Amazonas. A região do rio Juruá é uma área tradicional de extrativismo, desde os indígenas pré-colombianos, mas principalmente a partir do século XVI. No período das grandes secas do Nordeste, os extrativistas de borracha se instalaram nas margens do Juruá, expulsando e perseguindo os nativos. Por muitos anos a borracha foi o produto principal da região, mas no fim dos anos 70 os seringais entraram em franca decadência. No momento da chegada dos MSF, a população da área geográfica das duas paróquias passava de 32.000 pessoas.
O objetivo explicitamente estabelecido e assumido tanto pela Província como pelo primeiro grupo de missionários deste projeto foi “dinamizar o elã missionário da Província Brasil Meridional fazendo-se o próximo do povo da Amazônia, dando testemunho de fraternidade, hospitalidade, solidariedade e serviço aos mais pobres, a fim de fortalecer a caminhada da Igreja local e a consciência de cidadania.”

A nova missão articulou-se inicialmente em torno de cinco eixos: a) Fraternidade e convivência comunitária, visando desenvolver a missão sem perder a identidade e o sonho de vida fraterna; b) Atitude de discípulo, para manter a consciência de que precisamos cultivar uma relação viva e pessoal com Jesus Cristo, junto com os demais cristãos; c) Serviço solidário aos últimos, dedicando uma atenção especial e prioritária àqueles que são considerados e tratados como últimos na sociedade; d) Construção da Igreja local,  para ajudar a consolidar a caminhada de uma Igreja enraizada na Amazônia; e) Comunhão com a Província, cultivando a consciência de que os missionários são enviados pela Província e a representam.

Com este projeto na mente e no coração, os padres Matias Schaefer e Euclides Paulus e o Fr. Vanderlei Souza da Silva partiram para a Amazônia nos primeiros meses do ano 2000. Depois de alguns meses de experiência em diferentes realidades, chegaram a Carauari para assumir as Paróquias desta cidade e de Itamarati, fato que ocorreu no dia 11 de julho de 2000. No ano seguinte o Ir. Moacir Filipin se incorporaria ao grupo.

Aos confrades pioneiros chegaram outros, para substituir os que retornavam ou juntar-se aos que ficavam: padres Inácio Dalla Nora, Mauro Primo Vieira, Virgílio Moro, Pedro Léo Eckert, Pedro Almeida da Silva, Pe. Marcelo Junior Klein. Depois, passaram pela missão os padres Celso Both, Moisés Furmann, Firmino Santana e Neiri Segala. Também foram presença marcante os Irmãos Adelir Bisolo, Lauri de Césare e Wanderson Nogueira, Atualmente, a missão conta com a generosa presença dos coirmãos padres Francisco Ary Carnaúba, Aniceto Francisco dos Santos, Irineu Paulo Paetzold e Valmir José Majolo.  
Mas a missão às margens do rio Juruá não é exclusividade dos Missionários da Sagrada Família. Dela participaram ativamente (desde 2009) uma comunidade de Irmãs Catequistas Franciscanas, uma comunidade de Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, dois postulantes MSF (André Freitas e Gleison França) e uma comunidade de três leigos (um jovem e um casal), estes últimos preparados, enviados e sustentados pela Província MSF do Brasil Meridional.
A população de Carauari é de aproximadamente 25.800 habitantes, para uma área de 25.767 km2, enquanto que Itamarati tem 6.300 habitantes, distribuídos numa área de 25.275 km2. (A soma da área geográfica das duas paróquias é maior que o território da Suíça!) Além de animar os trabalhos normais das duas sedes paroquiais, nossos missionários visitam 67 comunidades eclesiais ribeirinhas e acompanham 6 comunidades eclesiais urbanas. Além destas comunidades, 9 povos indígenas vivem na área geográfica da paróquia.

As viagens são muito demoradas. São necessárias 48 horas de navegação para subir de Carauari e Itamarati, e 90 horas para subir de Tefé (sede da Prelazia) a Carauari. As visitas pastorais às comunidades ribeirinhas de cada paróquia, realizadas duas ou três vezes por ano, costumam durar aproximadamente um mês, com um altíssimo custo em termos de combustível e de manutenção. (continua)

Itacir Brassiani msf

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