domingo, 4 de agosto de 2019

Rosas, de todas as cores e lutas...

Rosas
Não amanheci com o cheiro de rosas Hoje penso em rosas, falo de rosas e não falo de rosas. Estou falando de rosas-mulheres. Rosa Parks, primeira mulher negra que se sentou em um banco de um ônibus, reservado para brancos, nos E.U.A. Rosa Luxemburgo, polaca, que por ter idéias revolucionárias, lutar por um bem maior, foi assassinada. Peitou Lenin e Trotzky, pois não concordava com o assassinato de contra-revolucionários. Rosa Bianchi, minha nona, que, jovenzinha, veio da Itália no porão de um navio para o Brasil. Roubaram-lhe tudo. Chegou no porto de Santos sem documentos e sem seu baú de roupas.
Penso em rosas-bombas, tão lindamente cantadas e choradas por Ney Matogrosso, a Rosa de Hiroshima, que descarnou milhares de japoneses e fez da cidade um túmulo. As rosas-ladras que roubam o perfume da mulher amada, na mais linda canção do Brasil, na voz de Cartola.
Shakespeare disse que uma rosa, a flor, sempre será uma rosa, mesmo que tenha outro nome e quem já não repetiu de Gertrude Stein, "uma rosa, é uma rosa, uma rosa" Mas, para darem rosas, as roseiras têm que ser podadas. Enquanto esperam, seus troncos respiram. Mas, temem as podas, pois uma má poda pode matá-las. Galhos podres têm que ser cortados, os galhos podres têm que ser podados.
Hoje sou roseira de um país cheio de galhos podres. Não consigo respirar. Meu tronco, sem rosas, a flor, espera a chuva dos tempos para respirar, para renascer. E, como sói acontecer, renascerá.
(Sílvia Lúcia Bigonjal Braggio)

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