segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Os grandes e os pequenos

Para Jesus, as periferias devem estar no centro | 803 | 12.08.2025 | Mateus 18,1-14

Nos capítulos 18 a 20 do seu evangelho, Mateus nos oferece diversas catequeses de Jesus dedicadas aos seus discípulos, a caminho para Jerusalém. Trata-se de orientações fundamentais para que a comunidade cristã viva um estilo de vida alternativo e profético, testemunhando assim a força transformadora do Evangelho na vida pessoal e nas relações comunitárias, sociais, econômicas e políticas.

A tentação do elitismo e do autoritarismo rondam a comunidade de Jesus desde sempre, e o tempo que vivemos não nos deixa dúvidas. A pergunta sobre quem é o maior o demonstra, e a resposta de Jesus quer cortá-la pela raiz. Para ilustrar a virada radical que a chegada do Reino provoca nas pessoas, na escala de valores e no coração do mundo, Jesus toma a figura da criança como símbolo vivo e eloquente.

Aqui, a criança, tomada como símbolo e como exemplo, não significa a pureza e a inocência, “virtudes” que a modernidade burguesa gosta de enfatizar para esconder suas hipocrisias, mas a sua condição social de fragilidade, insignificância e marginalidade. Para Jesus, as crianças são o retrato perfeito da comunidade cristã, que nasceu para viver nas margens e ensaiar uma vida alternativa ao judaísmo e ao império romano, assumindo a fraternidade, a igualdade e a minoridade.

Esse estilo de vida vai contra a corrente, precisa ser aprendido e exercitado tenazmente, pois é exigente. Como as crianças, os discípulos de Jesus são preciosos aos olhos de Deus, são importantes por serem pequenos, são tirados dos últimos lugares e colocados nos primeiros. E as autoridades cristãs têm o dever de protegê-los. Eles podem se perder, ou seja, tornarem-se mais frágeis e vulneráveis ainda. O primeiro dever de um pastor é cuidar de quem é fraco, ensinava o Pe. Berthier.

O Pai do céu não quer que nenhum deles se perca, e a comunidade deve assumir esse cuidado em nome de Deus. Por sua vez, os discípulos devem confiar totalmente na acolhida que o Pai suscita nas pessoas e nos povos aos quais são enviados. Não somos grandes ou importantes pela origem, pela riqueza, pela educação, pela profissão, pela função social ou pelo poder que exercemos, mas pelo batismo e porque somos filhos amados do Pai e portadores do tesouro do Reino.

 

Sugestões para a meditação

§ Exercite sua imaginação e procure participar da cena com todos os seus sentidos, para acolher o sentido integral do texto

§ Você percebe as ambições e expectativas de reconhecimento e precedência que às vezes se insinuam nos seus trabalhos?

§ Como você se sente em relação à condição liminar (margem, insignificância, despojamento) dos discípulos de Jesus?

§ Você tem conseguido se exercitar na confiança no cuidado do Pai e na hospitalidade na sua prática comunitária e pastoral?

Um comentário:

Anônimo disse...

Exercendo um poder participativo, os grupos e as comunidades crescem e se envolvem mais!