quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O Evangelho dominical - 03.12.2017

UMA IGREJA DESPERTA

Jesus está em Jerusalém, sentado no monte das Oliveiras, olhando para o Templo e conversando confidencialmente com quatro discípulos: Pedro, Santiago, João e André. Vê eles preocupados por quererem saber quando chegará o fim dos tempos. Ele, pelo contrário, se preocupa sobre como viverão os Seus seguidores quando já não O tenham entre eles.
Por isso, uma vez mais, mostra-lhes a Sua inquietude: «Olhai, vivei despertos». Depois, deixando de lado a linguagem terrificante dos visionários apocalípticos, conta-lhes uma pequena parábola que passou quase inadvertida entre os cristãos.
«Um senhor foi de viagem e deixou a sua casa». Mas, antes de ausentar-se, «confiou a cada um dos seus criados a sua tarefa». Ao despedir-se apenas lhes insistiu numa coisa: «Vigiai, pois não sabeis quando virá o dono da casa». Que, quando venha, não vos encontre dormindo.
O relato sugere que os seguidores de Jesus formarão uma família. A Igreja será «a casa de Jesus» que substituirá «a casa de Israel». Nela, todos são servidores. Não há senhores. Todos viverão esperando o único Senhor da casa: Jesus, o Cristo. Nunca o deverão esquecer jamais.
Na casa de Jesus ninguém deverá permanecer passivo. Ninguém se há de sentir excluído, sem qualquer responsabilidade. Todos somos necessários. Todos temos alguma missão confiada por Ele. Todos estamos chamados a contribuir para a grande tarefa de viver como Jesus. Ele viveu sempre dedicado a servir o reino de Deus.
Os anos irão passando. Manter-se-á vivo o espírito de Jesus entre os Seus? Continuarão a recordar o Seu estilo ao serviço dos mais necessitados e desamparados? Irão segui-Lo pelo caminho aberto por Ele? A Sua grande preocupação é que a Sua Igreja possa adormecer. Por isso insiste, até três vezes: «Vivei despertos». Não é uma recomendação aos quatro discípulos que o escutam, mas um mandato aos crentes de todos os tempos: «O que vos digo a vós digo-o a todos: velai».
O traço mais generalizado dos cristãos que não abandonaram a Igreja é seguramente a passividade. Durante séculos temos educado os fiéis para a submissão e a obediência. Na casa de Jesus, só uma minoria se sente hoje com alguma responsabilidade eclesial.
Chegou o momento de reagir. Não podemos continuar a aumentar ainda mais a distância entre «os que mandam» e «os que obedecem». É pecado promover o descontentamento, a mútua exclusão ou a passividade. Jesus queria ver-nos a todos despertos, ativos, colaborando com lucidez e responsabilidade no Seu projeto do reino de Deus.
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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