quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O Evangelho dominical - 12.11.2017

ACENDER UMA FÉ GASTA

A primeira geração cristã viveu convencida de que Jesus, o Senhor ressuscitado, voltaria brevemente cheio de vida. Não foi assim. Pouco a pouco, os seguidores de Jesus tiveram que se preparar para uma longa espera.
Não é difícil imaginar as preguntas que surgiram entre eles. Como manter vivo o espirito do início? Como viver despertos enquanto não chega o Senhor? Como alimentar a fé sem deixar que se apague? Um relato de Jesus sobre o sucedido num casamento ajudava a pensar na resposta.
Dez jovens, amigas da noiva, acenderam as suas lâmpadas e prepararam-se para receber o esposo. Quando, ao cair o sol, chegar o noivo para tomar consigo a esposa, acompanharão ambos no cortejo que os levará até à casa do esposo, onde se celebrará o banquete nupcial.
Há um pormenor que o narrador quer destacar desde o início. Entre as jovens há cinco «sensatas» e prevenidas que tomam consigo azeite para alimentar as suas lâmpadas à medida que se vá consumindo a chama. As outras cinco são descuidadas, e se esquecem de levar o azeite, correndo o risco de que se lhes apaguem as lâmpadas.
Rapidamente descobrirão o seu erro. O esposo se atrasa e não chega antes da meia-noite. Quando se ouve a chamada a recebe-lo, as moças sensatas alimentam com o seu azeite a chama das suas lâmpadas e acompanham o esposo até entrar com ele na festa. As moças imprevidentes não fazem mais do que se lamentar: «Nossas lâmpadas se apagaram!» Ocupadas em adquirir azeite, chegam ao banquete quando a porta já estava fechada. Demasiado tarde.
Muitos comentadores procuram encontrar um significado secreto para o símbolo do azeite. Está Jesus a falar do fervor espiritual, do amor, da graça batismal...? Talvez seja mais simples recordar o seu grande desejo: «Eu vim trazer o fogo da terra, e que hei de querer senão que se acenda?» Há algo que possa acender mais a nossa fé que o contato vivo com Jesus?
Não é uma insensatez pretender conservar uma fé gasta sem reaviva-la com o fogo de Jesus? Não é uma contradição considerarmo-nos cristãos sem conhecer o Seu projeto nem nos sentirmos atraídos pelo seu estilo de vida?
Necessitamos urgentemente de uma nova qualidade na nossa relação com Ele. Cuidar de tudo o que nos ajude a centrar a nossa vida na Sua pessoa. Não consumir energia no que nos distrai ou desvia do Seu Evangelho. Acender cada domingo a nossa fé refletindo nas Suas palavras e comungando vitalmente com Ele. Ninguém pode transformar as nossas comunidades como Jesus.
José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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