SEM RODEIOS
Não é necessária uma análise muito
profunda para descobrir as atitudes de autodefesa, receio e evasão que adotamos
diante de pessoas que podem perturbar nossa tranquilidade. Quantos rodeios para
evitar aqueles que consideramos incômodos ou desconfortáveis para nós. Como
aceleramos o passo para não nos deixarmos alcançar por aqueles que nos
sobrecarregam com os seus problemas, penas e desilusões.
Dir-se-ia que vivemos numa atitude de
guarda permanente contra quem pode ameaçar a nossa felicidade. E quando não
encontramos uma forma melhor de justificar a nossa fuga ante pessoas que
precisam de nós, podemos sempre recorrer ao fato de que estamos muito ocupados.
Quanta atualidade tem a «parábola do bom
samaritano» nesta sociedade de homens e mulheres que correm cada um para as
suas ocupações, que se agitam pelos seus próprios interesses e gritam as suas
próprias reivindicações.
Segundo Jesus, só há uma maneira de ser
humano. E não é a do sacerdote ou do levita, que veem o necessitado e fazem um
desvio para continuar o seu caminho, mas a do samaritano, que caminha pela vida
com os olhos e o coração bem abertos para parar diante de quem possa necessitar
da sua ajuda.
Quando escutamos sinceramente as
palavras de Jesus, sabemos que nos está chamando a passar da hostilidade à
hospitalidade. Sabemos que é urgente viver de outra forma, criando um espaço
mais amplo na nossa vida para aqueles que nos necessitam. Não podemos
esconder-nos atrás das nossas ocupações nem refugiar-nos em belas teorias.
Quem compreendeu a fraternidade cristã
sabe que somos todos companheiros de viagem que partilham a mesma condição de
seres frágeis que precisam uns dos outros. Quem vive atento ao irmão
necessitado que encontra no caminho descobre um novo gosto pela vida. Segundo
Jesus, herdará a vida eterna.
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez
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