Do encontro com
Jesus, brota um manancial de vida | 767 | 07.07.2025 |
Mateus 9,18-26
Nesta dupla cena descrita por São Mateus, temos a
presença de vários elementos contrastantes: um chefe importante e reconhecido,
e uma mulher anônima; a impotência dos oficiais e o poder libertador de Jesus;
a doença e a cura; a prostração e a elevação; o ambiente público da rua e o
espaço privado da casa; o pedido direto de uma pessoa socialmente relevante e o
desejo secreto de uma mulher que não tinha ninguém por ela.
A ação libertadora de Jesus cura e reabilita duas pessoas que sofrem e
são marginalizadas: uma mulher e uma menina, ambas do extrato social mais
vulnerável e desprezado num ambiente patriarcal. Mas enquanto a menina tem
família e é filha de uma pessoa que tem cargo de chefia, a mulher que vê sua
vida se esvaindo em sangue parece não ter ninguém por ela.
A menina tem alguém por ela, e seu pai, reconhecendo que seu poder é
impotente, se aproxima de Jesus e pede em favor da filha. A mulher que sofre de
hemorragia, ciente de sua pequenez, não tem ninguém que possa interceder por
ela, e não pede nada: apenas se aproxima de Jesus e toca no seu manto, mantendo
em segredo seu desejo, mas revelando sua confiança.
Há um elemento comum entre o chefe (não se diz se é chefe dos romanos ou
dos judeus) e a mulher que interrompe a caminhada de Jesus à casa da menina do
chefe: a fé na ação restauradora de Jesus. Talvez esse chefe, que em relação às
crianças faz o contrário de Herodes, represente um modelo alternativo de
liderança cristã, centrado no cuidado dos mais vulneráveis.
A mulher se aproxima de Jesus, sem reverência, mas com grande fé, tanto
que, nesse toque, Jesus reconhece sua fé e fica impressionado. O chefe também,
a seu modo, crê que o toque de Jesus dará vida à sua filha. Para Jesus, a fé é
que fez o trabalho de cura da mulher, por isso deve ela ter coragem, e a menina
não está morta, mas precisa ser “elevada”, reestabelecida, reinserida na
sociedade, ou seja, curada.
Como os escribas e fariseus, a multidão reunida na
casa do pai da menina não espera nada de Jesus, e até caçoa dele. Diante disso,
Jesus evita fazer gestos espetaculares, e pede que aqueles que esperam apenas
isso se retirem da cena. A cura ocorre em modo reservado, mas a notícia se
espalha e chega até nós. Cremos como a mulher e o pai da menina que o toque e a
Palavra de Jesus podem nos curar e levantar?
Sugestões para a
meditação
§ Acompanhe cada palavra, gesto ou ação desta cena, observando
como as pessoas se dirigem a Jesus e o que ele faz por elas
§ O que a intercessão do pai da menina e a iniciativa da
mulher doente podem nos ensinar?
§ É possível perceber como Jesus evita dar prioridade às
necessidades de pessoas de classe superior em desfavor dos pobres?
Nenhum comentário:
Postar um comentário