quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Festa da Apresentaçao de Jesus

Jesus assume a condição humana e se faz nosso irmão
A passagem do Evangelho sugerida para a Festa da Apresentação do Senhor (Lc 2,22-40)reúne uma série de episódios interligados: apresentação de Jesus no templo (v. 22-25); encontro com Simeão e sua profecia sobre o Menino (v. 25­35); encontro com a profetiza Ana (v. 36­38); retorno a Nazaré e o crescimento normal e anônimo de Jesus (v. 39­40). As três primeiras cenas se desenrolam no templo, centro espiritual e cultural do judaísmo. A última é uma espécie de contraponto teológico ao templo, e se desenrola em Nazaré, na região da Galiléia.

A primeira cena mostra a apresentação de Jesus ao templo. As leis judaicas obrigavam os pais a consagrar a Deus o filho primogênito. Para recuperar o direito sobre os filhos devidos a Deus, eles precisavam resgatá-los mediante uma oferta. Lucas não menciona a oferta pelo resgate de Jesus (como se ele continuasse para sempre consagrado a Deus!), mas somente a oferta prescrita para a purificação de uma mãe pobre. "Se ela não tem meios para comprar um cordeiro, pegue duas rolas ou dois pombinhos: um para o holocausto e outro para o sacrifício pelo pecado" (Lv 12,8).

A segunda cena apresenta o encontro de Josée Maria com Simeão, homem piedoso e devoto que cultiva a esperança da vinda do Messias. Não é sacerdote e nem vive no templo; é um homem justo, como José e, como os pastores, capaz de reconhecer o Messias­Servo na fragilidade do menino que acolhe nos braços. Simeão credita que no Messias todos os povos são acolhidos e salvos por Deus. E  reconhece e apresenta o menino Jesus como luz para todas as nações e povos.

O pai e a mãe de Jesus ficam maravilhados com o que Simeão diz do menino. É a reação própria de quem acolhe com gratidão a ação libertadora de Deus na história mediante os pobres e humildes. E o esse estupor tem dois motivos: o primeiro é o fato de Simeão reconhecer Jesus como Messias, mesmo sem ter recebido nenhuma informação a respeito; o segundo são as palavras de Simeão anunciando o caráter e a missão universal de Jesus. José e Maria, discípulos e aprendizes...

Simeão invoca sobre José e Maria a bênção de Deus e lhes fala das contradições que o filho provocaria, da sua missão de revelar aquilo que está escondido no silêncio malicioso dos homens. Fala também sobre o destino do filho e prevê os sofrimentos de Maria, parábola dos sofrimentos da Igreja. Quem partilha o projeto e a vida de Jesus deve partilhar também da contradição que ele provoca, da sua rejeição e do seu fracasso. Estar com ele significa sofrer com ele.

Uma segunda pessoa que dá testemunho de Jesus no templo é Ana. Além de piedosa, Ana é conhecida como intérprete dos desígnios de Deus. Ela se aproxima de Jesus e seus pais, como os pastores e Simeão haviam feito antes. Também ela acolhe e entende o sinal, e anuncia aos quatro ventos a salvação que em Jesus se manifesta. Ana louva a Deus pelo que lhe fora dado presenciar e anuncia o Messias presente no menino a todos aqueles que o esperam teimosamente.

Os dois últimos versículos da perícope são uma espécie de contra­ponto ao entusiasmo despertado no pequeno círculo das pessoas reunidas no templo. A volta a Nazaré é uma descida da exaltação no templo para o anonimato em Nazaré. É nesta suspeita vila da Gasliléia que o menino cresce e fica forte, cheio de sabedoria. Uma sabedoria adquirida longe do templo, participando na vida cotidiana do povo. Se, no templo, Jesus é apresentado a Deus e brilha, em Nazaré ele é apresentado ao povo de Deus, respira suas legítimas tradições e nelas lança profundas raízes!

A Carta aos Hebreus vai na mesma linha. Jesus assume a condição comum a todos os homens e mulheres, faz-se em tudo semelhante a nós, é uma espécie de encarnação de uma misericórdia que merece confiança e que nos liberta do medo escravizador. Por ter experimentado o sofrimento e a tentação, Jesus é capaz de socorrer aqueles que sofrem e são tentados pelo desânimo. Apresentado a Deus no templo, Jesus é por ele devolvido à humanidade como irmão solidário e salvador.

Jesus de Nazaré, filho amado de Maria e de José, anjo da Aliança e em tudo semelhante a nós! Bendito sejas por tua divina raiz e pela tua proximidade redentora! Tua presença confirma nossos sonhos e descobre nossas ambiguidades! Que tua Presença e tua Palavra sejam força a nos reerguer e, através de nós e da comunidade que nasce do teu lado aberto, luz e liberdade para todos os povos! E que os homens e mulheres que a ti se consagram te louvem e anunciem com a vida! Assim seja! Amém!


Pe. Itacir Brassiani msf

(Malaquias 3,1-4 * Salmo 23 * Carta aos Hebreus 2,14-18 * Lucas 2,22-40)

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