segunda-feira, 7 de abril de 2014

Reflexões do Pe. Ceolin (11)

A encarnação é condição para a missão

A encarnação é o divino dinamismo que leva Jesus e aqueles que o seguem, especialmente aqueles que se consagram como religiosos e Missionários da Sagrada Família, à inserção, à vida de família, ao discipulado e à missão.
Inserção no meio do Povo: A inserção é a humilde descida como Verbo à condição humana, mediante a resposta de Maria. Isso insere Jesus na realidade judaica, nazaretana, no mundo do trabalho. Pela encarnação, Jesus faz-se Povo e do Povo.
Vida familiar e comunitária: Encarnando-se, Jesus vive no seio da Sagrada Família de Nazaré a comunhão do mistério intra-trinitário. Ele inseriu-se antes de tudo no Lar de Nazaré, onde fez a experiência relacional e interpessoal com José e Maria. No ambiente familiar de Nazaré o Verbo se fez humano e não apenas submisso, mas também obediência afetuoso, dialogante e respeitoso. Ali ele viveu uma comunhão exemplar. Ali ele viveu e progrediu no amor fraternal com o povo de Nazaré.
Discipulado: Guiado pelo Espírito, Jesus cresce em idade, sabedoria e graça, em todos os níveis e dimensões da pessoa humana. Na oração assídua e na escuta da Palavra ele desenvolve ouvidos de discípulo, busca discernir a vontade do Pai, abraçando e assumindo a sua missão, para a qual nascera e fora enviado.
Missão: Plenamente senhor da própria identidade (“Eu sou!...”), Jesus se lança sem reservas no cumprimento do disígnio do Pai acerca do ser humano, da sociedade e do mundo: dedica-se ao anúncio e à edificação do Reino de Deus.  Para ele, o Reino de Deus é a igualdade de todos em tudo; a liberdade de ser, pensar e agir; a justiça para os pobres e explorados; a fraternidade universal, porque todos temos origem e meta no mesmo e único Pai. É dessa missão que nasce a comunidade, a Igreja.
A vida comunitária e o discipulado são meios, pois nos modelam para a missão inserida no anúncio e na construção do Reino de Deus. Por meio da vida fraterna e do discipulado, o dinamismo do Reino de Deus opera e acontece em nós. Assim, tornamo-nos agentes do Reino, mais pelo testemunho que pela palavra. O que anunciamos não é uma mera teoria! Nossa missão consiste em realizar e promover a práxis do Evangelho, encarnando-o em nós mesmos.
Assim, na missão não seremos apenas arautos, discursantes teóricos. Exerceremos a missão promovendo práxis novas. Seremos mais cronosféricos e bem menos simbolosféricos. É por isso que a inserção é conditio sino qua non para que a missão seja exitosa e eficaz.  Mas, enquanto estivermos em missão inserida, jamais podemos  descurar a vida comunitária e o discipulado individual e grupal. Nela é que aurimos forças, alento e inspiração (e até mesmo consolação nos revezes e embates inerentes à missão) para prosseguirmos com o Mestre, quiçá até à cruz.

Pe. Rodolpho Ceolin msf

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