Neste
dia que lembra um ano da páscoa definitiva do nosso querido e saudoso Pe.
Rodolpho Ceolin msf, nada melhor que dar a ela a palavra. Uma pessoa só deixa
de viver e falar quando deixa de ser significativa para aqueles/as que amou...
O chamado ao discipulado
Fomos e
somos chamados! Este chamado é graça, dom de Deus. Ele conta com uma resposta
livre da nossa parte. Ele coopera para que nossa resposta seja positiva e
afirmativa. Nosso “Sim!” já está contido no bojo do chamado.
“Jesus
subiu ao monte e chamou os que ele quis, para que ficassem com ele e para
enviá-los a pregar...” (Mc 3.13-14). “Deu-lhes poder para expulsar demônios e
para curar qualquer tipo de doença e enfermidade” (Mt 10,1). “Não fostes vós
que me escolhestes... Fui eu que vos escolhi... Vós sois meus amigos...” (Jo
15,14-16). “Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em
oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze entre
eles...” (Lc 6,12-13).
É
interessante dar atenção ao que Jesus dis logo em seguida aos seus discípulos:
“Felizes de vós, os pobres, porque o Reino de Deus vos pertence!” (Lc 6,20-23).
Em outras palavras: “Alegrem-se, pulem de alegria quando forem odiados,
expulsos, insultados e amaldiçoados por causa de mim!”
Jesus
chama tipos bem diferentes, pessoas com virtudes e defeitos. Ele tem poder de
uni-los. É isso que acontece na vida religiosa e na Igreja, de forma que
proclamamos na missa: “Bendito seja Deus que nos re-uniu no amor de Cristo!...
O amor de Cristo nos uniu!”
Por que
ele nos chama? Porque nos ama! Na origem da vocação existe um mistério de amor.
Jesus rezou uma noite inteira antes de chamar os discípulos!...
Um encontro pessoal
Jesus
acredita naqueles que ele chama. Na vocação há sempre um encontro e a oferta da
sua amizade. Mas permanecemos discípulos, e nunca podemos pensar que somos
mestres. Ser discípulo não é um rebaixamento, mas um sinal de que somos amados,
escolhidos, amigos, confidentes do Mestre.
A lição
fundamental do discipulado não vem dos livros que devoramos, não é um
aprendizado teórico. Como ser discípulo nós o aprendemos da pessoa de Jesus, no
encontro vivo com ele. Quem é ele? Como ele vive, como reza, como trabalha,
como se relaciona? Qual é seu projeto? Ser discípulo é formar Jesus Cristo em
nós e formá-lo nos outros.
Amigos de Jesus e cooperadores na sua missão
O discípulo
é uma pessoa chamada a viver em comunhão com a pessoa e a missão de Jesus. Ele
não veio fundar uma empresa, uma sociedade anônima ou limitada, mas congregar
pessoas em torno dele, uma comunidade de vivência de amor com ele e com os
outros.
Quem
chegou a fazer a experiência do amor de Cristo, quem nele fixou seu olhar e seu
coração, quem foi por ele tocado, não o abandonará tão facilmente. E, se o
fizer, acabará voltando, como Pedro...
Para dar testemunho do Senhor e seu Reino
A
experiência do encontro pessoal com Jesus pede para ser partilhada com os
demais. É uma experiência tão forte que que se torna inesquecível. Os primeiros
discípulos jamais esqueceram a hora e o lugar onde encontraram Jesus (cf. Jo
1,35-52)!
Trilhando
os caminhos da fidelidade, permanescendo aprendiz do mestre; sendo sempre mais
pobre, humilde e criança; amando, perdoando o servindo com gratuidade; sendo
solidário com todos, mormente com aqueles que são mais próximos, o discípulo acaba
se tornando uma testemunha.
Depois de
encontrar Jesus à beira do poço, a mulher da Samaria corre a anunciar à cidade
e aos campos: “Vi um homem que disse tudo o que sou...” E André e o companheiro
anônimo, depois de terem ido e visto onde ele morava: “Encontramos o Messias!”
Madalena, depois de encontrar Jesus ressuscitado, no jardim: “Gente, Jesus está
vivo!” Zaqueu, depois daquele memorável encontro na rua e de receber Jesus em
sua casa: “Vou dar metade dos meus bens aos pobres...”
Num amor
maior, experienciado profundamente e vivido no dia-a-dia, o religioso ou padre
encontra a alegria e a força para ser fiel até o fim; dua vida se torna
testemunho eloquente e fala mais alto e mais convincentemente que mil homilias;
a vida religiosa deixa de ser um peso; os votos deixam de ser uma renúncia, uma
perda ou uma frustração.
Se somos
tristes é porque não ainda somos inteiramente de Jesus...
Pe. Rodolpho Ceolin msf
(Anotações manuscritas que fazem parte da primeira meditação de um
retiro, sem data).
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