quarta-feira, 2 de julho de 2014

Um ano sem o Pe. Ceolin

Neste dia que lembra um ano da páscoa definitiva do nosso querido e saudoso Pe. Rodolpho Ceolin msf, nada melhor que dar a ela a palavra. Uma pessoa só deixa de viver e falar quando deixa de ser significativa para aqueles/as que amou...

O chamado ao discipulado

O discípulo é um chamado
Fomos e somos chamados! Este chamado é graça, dom de Deus. Ele conta com uma resposta livre da nossa parte. Ele coopera para que nossa resposta seja positiva e afirmativa. Nosso “Sim!” já está contido no bojo do chamado.
“Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar...” (Mc 3.13-14). “Deu-lhes poder para expulsar demônios e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade” (Mt 10,1). “Não fostes vós que me escolhestes... Fui eu que vos escolhi... Vós sois meus amigos...” (Jo 15,14-16). “Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze entre eles...” (Lc 6,12-13).
É interessante dar atenção ao que Jesus dis logo em seguida aos seus discípulos: “Felizes de vós, os pobres, porque o Reino de Deus vos pertence!” (Lc 6,20-23). Em outras palavras: “Alegrem-se, pulem de alegria quando forem odiados, expulsos, insultados e amaldiçoados por causa de mim!”
Jesus chama tipos bem diferentes, pessoas com virtudes e defeitos. Ele tem poder de uni-los. É isso que acontece na vida religiosa e na Igreja, de forma que proclamamos na missa: “Bendito seja Deus que nos re-uniu no amor de Cristo!... O amor de Cristo nos uniu!”
Por que ele nos chama? Porque nos ama! Na origem da vocação existe um mistério de amor. Jesus rezou uma noite inteira antes de chamar os discípulos!...
Um encontro pessoal
Jesus acredita naqueles que ele chama. Na vocação há sempre um encontro e a oferta da sua amizade. Mas permanecemos discípulos, e nunca podemos pensar que somos mestres. Ser discípulo não é um rebaixamento, mas um sinal de que somos amados, escolhidos, amigos, confidentes do Mestre.
A lição fundamental do discipulado não vem dos livros que devoramos, não é um aprendizado teórico. Como ser discípulo nós o aprendemos da pessoa de Jesus, no encontro vivo com ele. Quem é ele? Como ele vive, como reza, como trabalha, como se relaciona? Qual é seu projeto? Ser discípulo é formar Jesus Cristo em nós e formá-lo nos outros.
Amigos de Jesus e cooperadores na sua missão
O discípulo é uma pessoa chamada a viver em comunhão com a pessoa e a missão de Jesus. Ele não veio fundar uma empresa, uma sociedade anônima ou limitada, mas congregar pessoas em torno dele, uma comunidade de vivência de amor com ele e com os outros.
Quem chegou a fazer a experiência do amor de Cristo, quem nele fixou seu olhar e seu coração, quem foi por ele tocado, não o abandonará tão facilmente. E, se o fizer, acabará voltando, como Pedro...
Para dar testemunho do Senhor e seu Reino
A experiência do encontro pessoal com Jesus pede para ser partilhada com os demais. É uma experiência tão forte que que se torna inesquecível. Os primeiros discípulos jamais esqueceram a hora e o lugar onde encontraram Jesus (cf. Jo 1,35-52)!
Trilhando os caminhos da fidelidade, permanescendo aprendiz do mestre; sendo sempre mais pobre, humilde e criança; amando, perdoando o servindo com gratuidade; sendo solidário com todos, mormente com aqueles que são mais próximos, o discípulo acaba se tornando uma testemunha.
Depois de encontrar Jesus à beira do poço, a mulher da Samaria corre a anunciar à cidade e aos campos: “Vi um homem que disse tudo o que sou...” E André e o companheiro anônimo, depois de terem ido e visto onde ele morava: “Encontramos o Messias!” Madalena, depois de encontrar Jesus ressuscitado, no jardim: “Gente, Jesus está vivo!” Zaqueu, depois daquele memorável encontro na rua e de receber Jesus em sua casa: “Vou dar metade dos meus bens aos pobres...”
Num amor maior, experienciado profundamente e vivido no dia-a-dia, o religioso ou padre encontra a alegria e a força para ser fiel até o fim; dua vida se torna testemunho eloquente e fala mais alto e mais convincentemente que mil homilias; a vida religiosa deixa de ser um peso; os votos deixam de ser uma renúncia, uma perda ou uma frustração.
Se somos tristes é porque não ainda somos inteiramente de Jesus...
Pe. Rodolpho Ceolin msf


(Anotações manuscritas que fazem parte da primeira meditação de um retiro, sem data).

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