sábado, 5 de maio de 2018

Seminário sobre a Vida Religiosa (2)


As alegrias e dores do mundo nos tocam?
Reagindo às afirmações do professor Coutinho, o Frei Luís Carlos Susin sublinhou que a situação que vivemos hoje no Brasil e no mundo em geral é tão complexa, que qualquer tentativa de análise se revela temerária e aventureira. Mas o caos e a desordem são arenas da criatividade, convites à inventividade. Aprendemos com o espírito conciliar que as alegrias e angústias do nosso tempo o são da Igreja. Não somos alheios, mas afetados por tudo isso. “O nosso mundo nos toca”.
As regiões hoje em conflito são as regiões ricas em recursos naturais, especialmente de mineração e hídricos, objetos de interesse do mundo globalizado. As guerras lançam suas garras e bombas, envias seus batalhões e armamentos, às regiões que detém minerais e outros recursos estratégicos para a economia do mundo atual. Pelo controle desses recursos, as potencias estão dispostas a pisar leis, convenções e valores, pessoas e nações.
As divisões sociais e o ódio que crescem nas redes sociais afetam também a Igreja? Como essa reação primária e “selvagem” nos atinge? Preferimos ficar com as falsas comunidades das redes sociais, onde as relações são fluidas e interesseiras, ou nos aventuramos a reconhecer e valorizar a diferença, e dialogar com elas, enriquecendo-nos?
Quando não sabemos pra onde andar, precisamos lembrar o caminho que percorremos. Nessa perspectiva, a meditação sapiencial da história do povo hebreu, da história da missão e da história dos povos oprimidos pode ser de grande ajuda. Para a profecia, o que interessa é o futuro, e o passado enquanto nos ajuda e visualizá-lo, nos oferece inspiração, e não receitas.
Analisando os dois últimos séculos do ocidente, alguns analistas dizem que, depois de uma era de luta pela erradicação da repressão, em todas as suas expressões, vivemos agora uma era da depressão, do vazio. Jogamos tudo pela janela, e a casa ficou vazia. Apagamos o sol que nos aquecia, e sentimos cada vez mais frio. Mas, para os discípulos e discípulas de Jesus, o vazio pode ter algum sentido, pode ser elaborado, pode nos ajudar e redescobrir a kénosis, uma dimensão essencial e promissora do cristianismo.
Quando nos defrontamos com encruzilhadas, é salutar olhar para a juventude. Ela reaparece em público, inclusive com os seus badulaques. Ela está em movimento para reocupar os espaços públicos, onde a sociedade é tecida e distorcida. É possível que a vida religiosa consagrada esteja presente nestes espaços, observando, somando, fazendo memória criativa e inspiradora?
Itacir Brassiani msf

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