Passar
de comunidades instituídas a comunidades instituintes
O
professor Coutinho sublinhou que, como cristãos do século XXI, precisamos
apropriarmo-nos de modo inteligente da Gaudium
et Spes. Na perspectiva desse documento conciliar, mundo e Igreja são
consubstanciais. Mas precisamos também interrogar-nos: O mundo entrou realmente
em nossos institutos? Ou melhor: quais são os aspectos do mundo que nossos
institutos assimilaram ou que assimilaram nossos institutos?
Efetivamente,
o mundo moderno entrou nas nossas instituições. Basta dar uma breve olhada
sobre nosso patrimônio e nossos equipamentos. A lógica implacável do capitalismo
neoliberal lançou raízes no terreno dos nossos projetos, alimenta sonhos,
provoca suspiros indiscretos, produz dividendos. E dores. Mas o mundo das
feridas e dores das vítimas, depois de uma breve visita de apresentação, corre
o risco de ser ignorado ou expulso pelas exigências da lógica institucional, da
sobrevivência das nossas instituições, mesmo que seja no rodapé da história. As
vítimas, os pobres e as periferias aparecem fugazmente nas assembleias e
momentos de celebração, mas são praticamente invisíveis nos momentos e espaços
onde se definem as estratégias a longo prazo. Ou não?
E
há também alguns setores religiosos que, depois de uma breve paixão pelas
alternativas de um mundo diferente, mostram-se impacientes e incomodados com a
demora da sua chegada. Como se, diante da demora da passagem do ônibus que nos
leva ao futuro sonhado, a saída fosse pegar ônibus de volta, e não avançar à
pé, coletivamente. Precisamos, como sempre, recuperar a capacidade instituinte
dos carismas, e, ao mesmo tempo, relativizar o carisma instituído. Em outras
palavras, precisamos reencontrar a capacidade criativa e inovadora, e não as
figuras históricas e transitórias que ele gerou, marcas de um tempo que não
existe mais.
Itacir
Brassiani msf
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