quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

O Evangelho dominical (Pagola) - 13.12.2020

 TESTEMUNHAS DA LUZ

É curioso como o quarto evangelho apresenta a figura de João Batista: como um «homem», sem outros qualificativos. Nada diz sobre sua sobre sua origem ou condição social. Ele próprio sabe que não é importante. Não é o Messias, não é Elias, nem sequer é o Profeta que todos esperam. Só se vê a si mesmo como «a voz que grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor». No entanto, Deus o envia como testemunha da luz, para despertar a fé. É uma pessoa que pode espalhar luz e vida.

O que significa ser testemunha da luz? A testemunha é como João: não se dá importância; não procura ser original ou chamar a atenção; não tenta impactar ninguém. Simplesmente vive a sua vida de forma convincente. A gente vê que Deus ilumina a sua vida, e isso se irradia no seu modo de viver e acreditar.

A testemunha da luz não fala muito, mas é uma voz. Vive algo inconfundível. Comunica aquilo que o faz viver. Não diz coisas sobre Deus, mas contagia. Não ensina doutrina religiosa, mas convida a acreditar. A vida da testemunha atrai e desperta interesse. Não culpa ninguém. Não condena. Desperta a confiança em Deus, liberta de medos. Abre caminhos. É como João, que «abre o caminho para o Senhor».

A testemunha sente-se frágil e limitada. Sabe que muitas vezes sua fé não encontra apoio nem eco social. Vê-se rodeado de indiferença ou rejeição. Mas a testemunha de Deus não julga ninguém. Não vê os outros como adversários que tem de combater ou convencer. Deus sabe como encontrar-se com cada um dos seus filhos e filhas.

Diz-se que o mundo atual está se convertendo num «deserto», mas a testemunha revela que ele sabe algo sabe sobre Deus e o amor, algo sabe sobre a fonte e sobre como se acalma a sede de felicidade que há no ser humano.

A vida está cheia de pequenas testemunhas. São pessoas simples e humildes, conhecidas apenas por aqueles que estão à sua volta. Pessoas muito boas. Vivem da verdade e do amor. Elas nos abrem o caminho para Deus. São o melhor que temos na Igreja.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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