sexta-feira, 21 de outubro de 2022

ANO C | TEMPO COMUM | 30º DOMINGO

CORRER PARA A META

A imagem da competição esportiva serve a Paulo para nos falar de sua missão: com esforço, constância, fidelidade e resistência diante das dificuldades, suportando desistências e abandonos, ele não cedeu a propostas que poderiam desviá-lo da sua meta e do caminho que levava a ela. Estava convicto de que o Senhor esteve sempre a seu lado. Qual é a meta do meu caminho? Como mantenho a fidelidade aos meus compromissos e responsabilidades?

AUTO-COMPLACÊNCIA

Dois modos de viver a fé, duas maneiras de se relacionar com Deus. O fariseu, voltado a si mesmo, vaidoso, julga com dureza quem está ao seu lado, presume e enumera seus próprios méritos diante de Deus, a quem exige que reconheça e premie suas boas obras. Não reza, mas se imagina rezar. Sua oração não está dirigia a Deus mas a si mesmo (“muito prazer em conhecer-me”). Sua oração, mais que uma abertura a Deus e a seu dom, é uma reinvindicação. Ele gosta de aparecer e comparar-se. Muitas vezes há em nós algo de fariseu. Centramo-nos totalmente no “eu”: eu tenho falhas, eu não necessito de nada, eu aprendo sozinho, eu mereço, eu consegui por mim mesmo, eu exijo porque tenho direito, porque tenho méritos... Eu também dou graças a Deus porque não sou como os demais? Em que sentido? Creio que tenho direito ao amor de Deus, em vez de vivê-lo como um dom a ser cultivado?

CONSCIÊNCIA DA FRAGILIDADE

Frente ao discurso de autoafirmação do fariseu, o publicano se destaca por seus gestos (ficar à distância, baixar o olhar, bater no peito) e por sua breve oração: simples, profunda, cheia de humildade, reconhecimento de seu pecado, sua indignidade e sua fragilidade. Não tem nada para alardear. Vê-se necessitado da benevolência e da misericórdia de Deus. Ele nos lembra que somos amados por Deus sem merecê-lo, que sua misericórdia ultrapassa nossas misérias, que seu perdão reabilita nossa vida para continuarmos vivendo com esperança. Sei reconhecer humildemente diante de Deus e dos demais minhas debilidades sem cair na tristeza, no pessimismo, na desolação ou na falta de autoestima?

PRECE

Sempre nos disseram: “Seja o primeiro; tira as melhoras notas na escola e rompe com seu peito a fita em todas as competições; que ninguém ultrapasse você, nem sente-se acima de você nas festas; impressiona os amigos e amigas com sua última invenção; compra e usa brinquedos dos adultos para afastar o tédio; descansa somente o degrau mais alto da escada do sucesso...”

Mas tu nos dizes, e eu escuto: “Veja meu olhar pousando sobre você, olhar que desperta e sustenta as infinitas possibilidades que você carrega em seu mistério; levante-se inteiro, livre-se das correntes que amarram; que nada prenda você, nem o medo que vem de dentro, nem o barulho das ruas, nem a cobiça do investidor, nem as ameaças dos senhores; e não tenha medo de sentar-se numa cadeira pequena, junto aos últimos do povo, como tantos missionários em terras distantes, em fronteiras e desertos esquecidos. Ali você encontrará a alegria de encontrar, com o Pai, liberdade e vida para todos, sem complexos, sem a escravidão de exibir um diploma de excelência, sem apresentar uma lista de méritos. Quando chegar o Reino de Deus, os últimos deste mundo poderão ser os primeiros...”

Pe. Fernando López Fernández msf

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