A Vida Religiosa Consagrada do Brasil em questão
Assembléia da CRB Minas Gerais - 16.08.2014 |
No mês de
julho de 2013, os religiosos e religiosas do Brasil concluíram um ano inteiro
de reflexão e discernimento, constatando que, como os discípulos de Emaús,
“estamos numa encruzilhada da nossa história, pois aconteceram coisas que não
esperávamos”. Concluíram também, que algumas expectativas não se realizaram “e
nos perguntamos por nossa identidade e missão”.
Ao mesmo
tempo, reunidos/as em assembléia, afirmavam com convicção: “Jesus Ressuscitado
caminha conosco, aquece o nosso coração e nos convida, por sua Palavra, a viver
a radicalidade do seguimento com alegria e esperança”. Por isso, diziam estar prontos/as
a se levantar com entusiasmo renovado para “ir às fronteiras da missão”,
ouvindo os gritos, compartilhando as dores e abraçando a causa dos pobres e dos
jovens.
Para fazer
as contas com o caminho percorrido e concretizar este propósito caracterizado
como horizonte iluminador para a
caminhada dos próximos anos, os religiosos e religiosas reunidos em Assembléia estabeleceram
quatro prioridades: (1)
Reapropriar-se do núcleo identitário da Vida Religiosa Consagrada; (2)
Intensificar a presença missionária e a atuação profética nas situações de
fronteira e periferia; (3) Fortalecer a
Inter-congregacionalidade e a partilha de carismas e experiências, em vista da
missão; (4) Qualificar o processo formativo em todas suas etapas e dimensões.
Precisamos
ser cautos, e não dar por descontada a assimilação destas constatações e
propósitos pelos institutos religiosos e seus membros. Aproveitando a
oportunidade desta Assembléia Anual da CRB Minas Gerais, no contexto dos 60
anos de história da CRB, poderíamos parar um momento para perguntar e responder
a nós mesmos/as:
Qual é
mesmo a encruzilhada na qual estamos,
e quais são os caminhos que se cruzam: os caminhos que nos fazem avançar, os caminhos que podem ser desvios e atalhos, caminhos que podem
nos levar a recuar?
Contemplando
os últimos cinquenta anos da nossa história e o momento em que vivemos, o que é
mesmo que não esperávamos que acontecesse
conosco e tem acontecido, e o que
esperávamos que ocorresse e não ocorreu?
Cremos de
fato que o Senhor ressuscitado caminha conosco e que sua Palavra, que precede e excede as escrituras sagradas, ressoa vivamente nos gritos e dores dos pobres e jovens, a
quem somos chamados/as a escutar?
É verdade que
estamos dispostos/as a levantarmo-nos, a sacudir a poeira, a deixar a tentadora
segurança das nossas casas e obras, outrora eficazes e socialmente relevantes,
para ir às fronteiras da missão e ser
presença profética?
Em que
medida cremos realmente que em Jesus de Nazaré, que vem ao nosso encontro e nos
acompanha como forasteiro e servidor, despojado de poderes, honras e
privilégios, se esconde o núcleo identitário da Vida Religiosa Consagrada (VRC)?
A VRC, com
suas intuições e instituições, faz parte
dos nossos sonhos mais preciosos ou dos pesadelos que nos atordoam? Ela tem
nos ajudado a experimentar a alegria de ser servo/a, e não príncipe ou princeza?
Estamos
verdadeiramente dispostos/as a aprender
uns/mas com os/as outros/as, a juntar forças, a pensar e atuar de forma intercongregacional? Qual é o grau da
nossa disponibilidade pessoal e institucional para assumir funções na CRB?
Itacir Brassiani msf
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