Documento
final do Encontro sobre demarcação de terras indígenas
Nós,
representantes dos povos Kokama, Kambeba, Kaixana, Mayoruna, Apurina, Paumari,
Nawa, Mura, Maraguá, Tariana, Baré, Macuxi, reunidos no Centro de Formação
Xare, nos dias 30 e 31 de maio de 2015, no Encontro sobre a demarcação das
terras indígenas, socializamos as lutas e desafios enfrentadas pelas
comunidades indígenas das regiões do Alto Solimões, Médio Solimões, Beruri,
Lábrea, Nova Olinda do Norte, Autazes e Barcelos no Amazonas e rio Moa, no
município de Mâncio Lima no Acre. Foi socializada também a experiência de luta
para a conquista de demarcação da Terra Indígena raposa Serra do Sol,
localizada em Roraima, por duas lideranças Macuxi e feita uma análise mais
ampla da política indigenista e da realidade amazônica.
Denunciamos a
omissão do governo federal na demarcação das terras indígenas como determina a
Constituição Federal OIT. Numerosas comunidades indígenas, na região,
anos a fio, vem reivindicando a demarcação de suas terras sem nenhuma resposta
por parte da Funai. Só no estado do Amazonas, existem mais de 80 terras
indígenas sendo reivindicadas, que sequer tiveram iniciado o procedimento de
demarcação. Esta omissão por parte do governo federal coloca nossas comunidades
numa situação de extrema insegurança e vulnerabilidade, expostas a violência
dos invasores de todo tipo: madeireiros, garimpeiros, peixeiros e caçadores e
outros que afrontam as nossas lideranças e desrespeitam nossas formas de vida e
os nossos direitos. A não demarcação das terras tem sido usada inclusive como
desculpa pela Sesai para negar a atenção a saúde das nossas comunidades. Ela deve
ser responsabilizada judicialmente por esta renúncia aberta de suas atribuições
legais. Essa atitude de discriminação para com nossas comunidades revela um
profundo desprezo pela vida dos cidadãos indígenas.
Exigimos
respeito aos nossos direitos. Queremos
que de forma imediata os procedimentos de demarcação das nossas terras
sejam retomados, com a criação dos Grupos de Trabalho (GTs) da Funai para a
identificação dos limites e a prática dos demais atos oficiais necessários para
garantia de nossas terras.
Reafirmamos a
disposição das comunidades de lutar até que todas as terras indígenas na região
tenham sido demarcadas, articulando-nos entre nós, com nossas
organizações e com movimento indígena de forma mais ampla e com outros setores
da sociedade e a determinação de fazer o que for preciso para que este nosso
direito, fundamental para o futuro de nossos povos, seja assegurado.
Manaus,
31 de maio de 2015.
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