quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O Evangelho dominical - 04.02.2018

À PORTA DE NOSSA CASA

Na sinagoga de Cafarnaum, Jesus libertou pela manhã um homem possuído por um espírito maligno. Em seguida, sai da «sinagoga» e parte para a «casa» de Simão e André. A indicação é importante, pois no evangelho de Marcos o que sucede nas casas encerra sempre algum ensinamento para as comunidades cristãs.
Jesus passa da sinagoga, lugar oficial da religião judia, à casa, lugar onde se vive a vida quotidiana junto aos seres mais queridos. Nessa casa vai-se formando a nova família de Jesus. Nas comunidades cristãs temos de saber que não são um lugar religioso onde se vive da Lei, mas um lar onde se aprende a viver de forma nova em torno a Jesus.
Ao entrar na casa, os discípulos falam-lhe da sogra de Simão. Não pode sair a acolhe-los, pois está prostrada na cama com febre. Jesus não necessita nada mais. De novo vai quebrar a lei do sábado, a segunda vez no mesmo dia. Para Ele, o importante é a vida sã das pessoas, não as observâncias religiosas. O relato descreve com detalhes os gestos de Jesus com a mulher doente.
«Aproximou-se». É o primeiro que faz sempre: aproximar-se dos que sofrem, olhar de perto o seu rosto e partilhar o seu sofrimento. Logo «pega-lhe pela mão»: toca a doente, não teme as regras de pureza que o proíbem; quer que a mulher sinta a Sua força de curar. Por fim «levantou-a», coloco-a de pé, devolveu-lhe a dignidade.
Assim está sempre Jesus no meio dos seus: como uma mão estendida que nos levanta, como um amigo próximo que nos infunde vida. Jesus só sabe servir, não de ser servido. Por isso a mulher curada por Ele se põe a «servir» todos. Aprende-o com Jesus. Os seus seguidores, temos de viver acolhendo-nos e cuidando-nos uns aos outros.
Mas seria um erro pensar que a comunidade cristã é uma família que pensa só nos seus próprios membros e vive de costas ao sofrimento dos outros. O relato diz que esse mesmo dia, «ao pôr-se o sol», quando havia terminado o sábado, levam a Jesus todo tipo de doentes e possuídos por algum mal.
Os seguidores de Jesus, temos de gravar bem esta cena. Ao chegar a obscuridade da noite, toda a população, com os seus doentes, «acotovela-se à porta». Os olhos e as esperanças dos que sofrem procuram a porta dessa casa onde está Jesus. A Igreja só atrai de verdade quando as pessoas que sofrem podem descobrir dentro delas Jesus curando a vida e aliviando o sofrimento. À porta das nossas comunidades há muita gente a sofrer. Não o esqueçamos.
José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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