quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O Evangelho dominical - 18.02.2018

ENTRE CONFLITOS E TENTAÇÕES

Antes de começar a narrar a atividade profética de Jesus, Marcos diz-nos que o Espírito o empurrou para o deserto. Ele ficou ali quarenta dias, deixando-se tentar por Satanás; vivia entre vermes e os anjos serviam-No. Estas breves linhas são um resumo das tentações ou provas básicas vividas por Jesus até à Sua execução na cruz.
Jesus não conheceu uma vida fácil nem tranquila. Viveu levado pelo Espírito, mas sentiu na Sua própria carne as forças do mal. A Sua entrega apaixonada ao projeto de Deus levou a viver uma existência desgarrada por conflitos e tensões. Dele temos de aprender, nós Seus seguidores, a viver em tempos de prova.
«O Espírito empurra Jesus para o deserto»
Não o conduz para uma vida cômoda. Leva-O por caminhos de provas, riscos e tentações. Procurar o reino de Deus e a Sua justiça, anunciar Deus sem falseá-Lo, trabalhar por um mundo mais humano é sempre arriscado. Foi para Jesus e será para os Seus seguidores.
«Ficou no deserto quarenta dias»
O deserto será o cenário pelo que transcorrerá a vida de Jesus. Este lugar inóspito e nada acolhedor é símbolo de provas e dificuldades. O melhor lugar para aprender a viver do essencial, mas também o mais perigoso para quem fica abandonado às suas próprias forças.
«Tentado por Satanás»
Satanás significa o adversário, a força hostil a Deus e a quem trabalha pelo Seu reinado. Na tentação descobre-se o que há em nós de verdade ou de mentira, de luz ou de trevas, de fidelidade a Deus ou de cumplicidade com a injustiça. Ao longo da Sua vida, Jesus irá manter-se vigilante para descobrir «Satanás» nas circunstâncias mais inesperadas. Um dia rejeitará Pedro com estas palavras: «Afasta-te de mim, Satanás, porque os teus pensamentos não são os de Deus». Os tempos de prova temos de os viver, como Ele, atentos ao que nos pode desviar de Deus.
«Vivia entre vermes e os Anjos serviam-No»
As feras, os seres mais violentos da terra, evocam os perigos que ameaçaram Jesus. Os anjos, os seres mais bondosos da criação, sugerem a proximidade de Deus, que os abençoa, cuida e sustenta. Assim viverá Jesus: defendendo-se de Antipas, a quem chama «raposa», e procurando na oração da noite a força do Pai. Temos que viver estes tempos difíceis com os olhos fixos em Jesus. É o Espírito de Deus que nos está a empurrar para o deserto. Desta crise sairá um dia uma Igreja mais humana e mais fiel ao Seu Senhor.
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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