“A esperança dos pobres jamais será frustrada!”
Eles não são números!
Por vezes, basta pouco para restabelecer
a esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, deixemos de lado as estatísticas; os pobres não são números, que
invocamos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar: são jovens e idosos
sozinhos que se hão de convidar a entrar em casa para partilhar a refeição;
homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amiga. Os pobres
salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo.
Aos
olhos do mundo, é irracional pensar que a pobreza e a indigência possam ter uma
força salvífica; e, todavia, é o que ensina o Apóstolo quando
diz: “Humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos
poderosos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo é que Deus
escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus
escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e
desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada
aqueles que são alguma coisa. Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus”
(1 Cor 1, 26-29). Com os
olhos humanos, não se consegue ver esta força salvífica; mas, com os olhos da
fé, é possível vê-la em ação e experimentá-la pessoalmente. No coração do Povo de Deus a caminho,
palpita esta força salvífica que não exclui ninguém, e a todos envolve numa
verdadeira peregrinação de conversão para reconhecer os pobres e amá-los.
O consolo e a força que vem da fé
O Senhor não abandona a quem O procura e
a quantos O invocam; “não esquece o clamor dos pobres” (Sal 9, 13), porque os seus ouvidos estão atentos à
sua voz. A esperança do pobre desafia as
várias condições de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e,
assim, triunfa sobre o sofrimento e a exclusão. A sua condição de pobreza
não lhe tira a dignidade que recebeu do Criador; vive na certeza de que a mesma
ser-lhe-á restabelecida plenamente pelo próprio Deus. Ele não fica indiferente
à sorte dos seus filhos mais frágeis; pelo contrário, observa as suas fadigas e
sofrimentos, para os tomar na sua mão, e dá-lhes força e coragem (cf. Sal 10, 14). A esperança do pobre torna-se forte com a
certeza de que é acolhido pelo Senhor, n’Ele encontra verdadeira justiça, fica
revigorado no coração para continuar a amar (cf. Sal 10, 17).
Aos
discípulos do Senhor Jesus, a condição que se lhes impõe para serem
evangelizadores coerentes é semear sinais palpáveis de esperança. A
todas as comunidades cristãs e a quantos sentem a exigência de levar esperança
e conforto aos pobres, peço que se
empenhem para que este Dia Mundial possa reforçar em muitos a
vontade de colaborar concretamente para que ninguém se sinta privado da
proximidade e da solidariedade. Acompanhem-nos as palavras do profeta que
anuncia um futuro diferente: «Para vós, que respeitais o meu nome, brilhará o
sol de justiça, trazendo a cura nos seus raios» (Ml 3, 20).
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