quinta-feira, 1 de julho de 2021

O Evangelho dominical (Pagola) - 04.07.2021

SÁBIO E CURADOR

Jesus não tinha poder cultural como os escribas. Não era um intelectual com estudos. Tão pouco possuía o poder sagrado dos sacerdotes do templo. Não era membro de uma família honorável nem pertencia às elites urbanas de Séforis ou Tiberíades. Jesus era um trabalhador da construção, em uma aldeia desconhecida na Baixa Galileia.

Jesus não tinha estudado em nenhuma escola rabínica. Não se dedicava a explicar a lei. Não o preocupavam as discussões doutrinárias. Nunca se interessou pelos ritos do templo. As pessoas viam-No como um professor que ensinava a compreender e viver a vida de forma diferente.

Segundo Marcos, quando Jesus chega a Nazaré acompanhado pelos seus discípulos, os seus vizinhos ficam surpreendidos por duas coisas: a sabedoria do seu coração e a força curadora das suas mãos. Era o que mais atraia as pessoas. Jesus não é um pensador que explica uma doutrina, mas um sábio que comunica a sua experiência de Deus e ensina a viver sob o sinal do amor. Não é um líder autoritário que impõe o seu poder, mas um curador que cura a vida e alivia o sofrimento.

No entanto, o povo de Nazaré não o aceita. Neutraliza a sua presença com todo o tipo de perguntas, suspeitas e receios. Não se deixa ensinar por ele nem se abre à sua força curadora. Jesus não consegue aproximar seus conterrâneos de Deus, nem curar todos, como desejaria.

Jesus não pode ser compreendido de fora. Temos que entrar em contato com ele. Deixar que nos ensine coisas tão decisivas como a alegria de viver, a compaixão, ou a vontade de criar um mundo mais justo. Deixar que nos ajude a viver na presença amigável e próxima de Deus. Quando nos aproximamos de Jesus, não nos sentimos atraídos por uma doutrina, mas convidados/as a viver de uma nova maneira.

Por outro lado, para experimentar a força salvadora de Jesus é necessário deixar-nos curar por ele: recuperar pouco a pouco a liberdade interior, libertarmo-nos de medos que nos paralisam, atrevermo-nos a sair da mediocridade. Jesus continua impondo as suas mãos. Só são corados/as aqueles/as que acreditam nele.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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