sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

O Evangelho dominical (Pagola) - 16.01.2022

VINHO BOM

Jesus sempre foi conhecido como o fundador do cristianismo. Hoje, porém, começa a surgir outra compreensão: Jesus é de todos, e não apenas dos cristãos. A Sua vida e a Sua mensagem são patrimônio da humanidade.

Ninguém no Ocidente teve um poder tão grande sobre os corações. Ninguém expressou, melhor do que ele, as preocupações e dúvidas do ser humano. Ninguém despertou tantas esperanças. Ninguém jamais comunicou uma experiência tão saudável de Deus sem projetar sobre ele ambições, medos e fantasmas. Ninguém se aproximou da dor humana de maneira tão profunda e cativante. Ninguém suscitou uma esperança tão firme perante o mistério da morte e da finitude humana.

Dois mil anos nos separam de Jesus, mas a Sua pessoa e a Sua mensagem continuam a atrair muita gente. É verdade que ele provoca pouco interesse em alguns ambientes, mas também é certo que a passagem do tempo não apagou a Sua força sedutora nem abafou o eco de sua Palavra.

Hoje, quando as ideologias e as religiões enfrentam uma crise profunda, a figura de Jesus escapa de toda a doutrina e transcende toda a religião, para convidar diretamente os homens e mulheres de hoje a uma vida mais digna, feliz e esperançosa.

Os primeiros cristãos experimentaram Jesus como a fonte de uma nova vida. Dele recebiam um fôlego diferente para viver. Sem ele, tudo se tornava novamente seco, estéril, apagado. O evangelista João relata o episódio das bodas de Caná para apresentar simbolicamente Jesus como o portador de um «vinho bom» capaz de reavivar o nosso espírito.

Hoje Jesus pode ser hoje o fermento de uma nova humanidade. Sua vida, Sua mensagem e Sua pessoa convidam a inventar novas formas de vida saudável. Ele pode inspirar caminhos mais humanos numa sociedade que procura o bem-estar, sufocando o espírito e matando a compaixão. Ele pode despertar o gosto por uma vida mais humana em pessoas vazias de interioridade, pobres de amor e necessitadas de esperança.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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