domingo, 28 de maio de 2023

O Evangelho de cada dia (02)

VIII Semana do Tempo Comum | Maria, Mãe da Igreja | João 19,25-34


Com a solenidade de Pentecostes havíamos concluído nosso caminho com o Evangelho de João. Mas hoje, em vista da memória litúrgica de “Maria, mãe da Igreja”, continuamos mais um dia com ele. A memória dessa festa mariana parte da informação bíblica, reforçada pela tradição, de que Maria estava presente no evento de pentecostes. E nos sugere também uma interpretação mariana dessa cena localizada no relato da paixão e morte de Jesus.

Segundo João, no momento da paixão de Jesus no Calvário, a mãe de Jesus, Maria Madalena e o discípulo amado estão de pé, diante da cruz de Jesus. Jesus vê os três e faz uma dupla declaração, que é também um duplo pedido: “Mulher, este é teu filho!” “Esta é tua mãe!” No alto do calvário, diante da expressão máxima do amor de Deus por nós, Jesus nos entrega Maria como mãe dos/as que creem, mãe da Igreja. E nos convida a levá-la conosco, como a discípula primeira e fiel. Nasce aqui uma Nova Família, semente de uma Nova Humanidade.

É interessante notar que o texto original não fala da “mãe de Jesus”. O evangelista a apresenta apenas como “mãe”. Ela representa o antigo Povo de Deus, do qual procedem Jesus e a primeira comunidade de discípulos/as. Ela é convidada a fazer a passagem, reconhecendo e aceitando o Novo Povo de Deus nascido da nova aliança. E o discípulo amado, que representa o discipulado fiel e perseverante, é convidado a reconhecer suas raízes judaicas e a protegê-las.

Na sequência, Jesus diz que tem sede. É um novo pedido de acolhida no nível básico da humanidade que ele compartilha. Os representantes do judaísmo não têm água, nem vinho (amor, acolhida), mas somente vinagre (ódio). Aceitando, sem revidar mais este gesto de fechamento, Jesus pode dizer que consumou a demonstração do amor do Pai pelo mundo e, em si mesmo, arrematou ou deu o toque final à criação do Homem e da Mulher Novos, iniciada no Gênesis.

Do corte que o soldado faz no corpo de Jesus com sua espada escorre sangue (o amor generoso e fecundo) e água (o Espírito que gera a Igreja). Isso não nos vem de Maria, mas do Filho que ela entrega a nós como Mãe. Neste sentido, ela é mãe da comunidade dos/as discípulos/as, mãe dos/as crentes. É isso se revela na sua presença no cenáculo, no dia de pentecostes. Ela é mãe da Igreja na medida em que é discípula fiel, capaz de assimilar o dinamismo da cruz do seu filho amado. Ela é grande mais por ser discípula do próprio filho que por ser mãe.

 

Meditação:

·    Situe-se no Calvário, aos pés da cruz, com Jesus, sua mãe, Maria Madalena e o discípulo amigo e fiel

·    Permita que ressoem em você as densas e ternas palavras de Jesus: “Este é teu filho! Esta é tua mãe! Tenho sede! Tudo está consumado!”

·    Acolha Maria como a mãe querida que Jesus partilha conosco e pede que levemos para nossa casa e peça a ela a graça de seguir Jesus até onde ele for

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