sexta-feira, 5 de maio de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 07.05.2023

 O QUE É O CRISTIANISMO?

Os cristãos da primeira e segunda geração nunca pensaram que com eles estava nascendo uma nova religião. Na verdade, não sabiam com que nome designar aquele movimento que estava crescendo de forma inesperada. Ainda viviam impactados pela memória de Jesus, que sentiam vivo entre eles.

Por isso, os grupos que se reuniam em cidades como Corinto ou Éfeso começaram a chamar-se «igrejas», ou seja, comunidades que se vão formando convocadas por uma mesma fé em Jesus. Em outros lugares, ao cristianismo chamavam-lhe «o caminho». Um escrito redigido por volta do ano 80 e que se chama Carta aos Hebreus diz que é um caminho novo e vivo para se enfrentar a vida. O caminho inaugurado por Jesus e que há que percorrer com os olhos fixos nele.

Não há dúvida: para estes primeiros crentes, o cristianismo não era propriamente uma religião, mas uma nova forma de viver. O mais importante para eles não era viver dentro de uma instituição religiosa, mas aprender juntos a viver como Jesus no meio do vasto império. Aqui estava a sua força. Isto era o que podiam oferecer a todos.

Neste clima, entende-se bem as palavras que o quarto Evangelho coloca nos lábios de Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida». Este é o ponto de partida do cristianismo. Cristão é um homem ou mulher que em Jesus vai descobrindo o caminho mais acertado para viver, a verdade mais segura para se orientar, o segredo mais esperançoso da vida.

Este caminho é muito concreto. De pouco serve sentir-se conservador ou declarar-se progressista. A escolha que temos que fazer é outra: ou organizamos a vida à nossa maneira, ou aprendemos a viver na perspectiva de Jesus. É preciso escolher.

Indiferença para com aqueles que sofrem, ou compaixão sob todas as suas formas? Bem-estar apenas para mim e para os meus, ou um mundo mais humano para todos? Intolerância e exclusão daqueles que são diferentes, ou atitude aberta e acolhedora para com todos? Esquecimento de Deus, ou comunicação confiante com o Pai de todos? Fatalismo e resignação, ou esperança final para toda a criação?

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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