“Pratica
a justiça todos os dias de tua vida e não sigas os caminhos da iniquidade” (Tobias 4, 5)
O Conselho Permanente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, nos dias 10 a 12 de
março de 2015, manifesta sua preocupação diante do delicado momento pelo qual
passa o País. O escândalo da corrupção na Petrobras, as recentes medidas de
ajuste fiscal adotadas pelo Governo, a crise na relação entre os três Poderes
da República e manifestações de insatisfação da população são alguns dos sinais
de uma situação crítica que, negada ou mal administrada, poderá enfraquecer o
Estado Democrático de Direito, conquistado com muita luta e sofrimento.
Esta situação clama por medidas urgentes.
Qualquer resposta, no entanto, que atenda antes ao mercado e aos interesses
políticos que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres, nega a
ética e desvia-se do caminho da justiça. Cobrar essa resposta é direito da
população, desde que se preserve a ordem democrática e se respeitem as instituições
da comunidade política.
Diante das suspeitas de corrupção na
gestão do patrimônio público, manifestamos nossa firme convicção de que a
justiça e a ética requerem uma cuidadosa apuração dos fatos e a responsabilização,
perante a lei, de eventuais corruptos e corruptores. Enquanto a moralidade
pública for olhada com desprezo ou considerada um empecilho à busca do poder e
do dinheiro, estaremos longe de uma solução para a crise vivida no Brasil. A
solução passa também pelo fim do fisiologismo político que alimenta a cobiça
insaciável de agentes públicos, comprometidos com a manutenção de interesses
privados. Urge, ainda, uma profunda reforma política que renove em suas entranhas
o sistema político em vigor.
Comuns em épocas de crise, as
manifestações são um direito democrático que deve ser assegurado a todos pelo
Estado. O que se espera é que sejam pacíficas. “Nada justifica a violência, a
destruição do patrimônio público e privado, o desrespeito e a agressão a
pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir
diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se
os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoerência corrosiva
que leva ao seu descrédito” (Nota da CNBB 2013).
Nesta hora delicada e exigente, a CNBB
conclama as Instituições e a sociedade brasileira ao diálogo. Na livre
manifestação do pensamento, no respeito ao pluralismo e às legítimas
diferenças, este momento poderá contribuir para a paz social e o fortalecimento
das Instituições Democráticas.
Deus, que acompanha seu povo e o assiste
em suas necessidades, abençoe o Brasil e dê a todos força e sabedoria para
contribuir para a justiça e a paz. Nossa Senhora Aparecida, padroeira do
Brasil, interceda pelo povo brasileiro.
Brasília, 12 de março de 2015
Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida – SP
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM, Arcebispo de São Luis do Maranhão – MA
Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
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