sexta-feira, 12 de maio de 2017

O Evangelho dominical - 14.05.2017

O CAMINHO

No final da última ceia, os discípulos começaram a intuir que Jesus já não estaria muito tempo com eles. A saída precipitada de Judas, o anúncio de que Pedro o negaria muito brevemente, as palavras de Jesus falando da Sua próxima partida, deixaram todos desconcertados e abatidos. O que vai ser deles?
Jesus capta a tristeza e a perturbação deles. O Seu coração comove-se. Esquecendo-se de Si mesmo e do que o espera, Jesus trata de animá-los: «Não vos inquieteis. Confiai em Deus e confiai também em mim». Mais tarde, durante a conversa, Jesus faz-lhes esta confissão: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode chegar até ao Pai senão por Mim». Não o temos de o esquecer nunca.
Eu sou o caminho! O problema de muitos não é que vivam extraviados ou desencaminhados. Simplesmente vivem sem caminho, perdidos numa espécie de labirinto: andando e desandando os mil caminhos que, de fora, lhes vão indicando os slogans e modas do momento. E que pode fazer um homem ou uma mulher quando se encontra sem caminho? A quem pode se dirigir? Onde pode ir? Quem caminha seguindo os passos de Jesus ainda poderá encontrar problemas e dificuldades, mas é no caminho certo que leva ao Pai. Esta é a promessa de Jesus.
Eu sou a verdade! Estas palavras contêm um convite escandaloso aos ouvidos modernos. E, no entanto, hoje também temos de ouvir Jesus. Nem tudo é reduzido à razão. O desenvolvimento da ciência não contém toda a verdade. O mistério último da realidade não se deixa apanhar pelas análises mais sofisticadas. O ser humano tem de viver perante o mistério último da existência. Jesus apresenta-se como o caminho que conduz e aproxima a esse Mistério último. Deus não se impõe. Não força ninguém com provas nem evidências. O Mistério último é silêncio e atração respeitosa. Jesus é o caminho que nos pode conduzir a confiar na sua bondade.
Eu sou a vida! Jesus pode ir transformando a nossa vida. Não como o mestre longínquo que deixou um legado de sabedoria admirável à humanidade, mas como alguém vivo que, desde o mais profundo do nosso ser, infunde em nós um gérmen de vida nova. Esta ação de Jesus em nós produz-se quase sempre de forma discreta e silenciosa. O crente apenas intui uma presença imperecível. Por vezes, no entanto, invade-nos a certeza, a alegria incontida, a confiança total: Deus existe, ama-nos, tudo é possível, inclusive a vida eterna. Nunca entenderemos a fé cristã se não acolhemos Jesus como o caminho, a verdade e a vida.
José Antonio Pagola

Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

Nenhum comentário: