Pedro e
Paulo: discípulos de Jesus e testemunhas do Reino de Deus!
Com a
festa dos apóstolos Pedro e Paulo estamos fechando o ciclo das festas juninas,
marcado pela memórias de santos populares. Pedro é o primeiro líder dos
cristãos, reconhecido desde os primórdios como o principal no grupo dos Doze, e
Paulo é o apóstolo dos povos, mas não podemos esquecer que ambos foram
discípulos de Jesus e passaram por crises e dificuldades, provaram a prisão e
sofreram o martírio. Eles fazem parte daquela ‘nuvem de testemunhas’ da qual
fala a Carta aos Hebreus (12,1): viveram e morreram firmes na fé, seduzidos e
guiados pela visão do invisível (cf. Hb 11,13.27).
A
primeira leitura nos lembra que Pedro, nosso “primeiro Papa”, foi presidiário!
As chaves prometidas por Jesus Cristo de nada adiantaram para soltar as algemas
ou abrir a porta que prenderam Pedro! Ele estava imerso na penumbra do abandono
quando uma luz iluminou a cela, uma mão tocou seu ombro e uma voz ordenou que
se levantasse depressa. As algemas que o prendiam caíram no chão, os guardas
que vigiavam não viram nada, e a porta que separava a cela da cidade se abriram
sozinhas...
Depois
de ter sido um fariseu zeloso e violento, e mesmo tendo acumulado muitos
méritos e honras por causa disso, Paulo fez a experiência de ser conquistado
por Jesus Cristo e, diante do bem supremo desta acolhida gratuita e imerecida,
considerou tudo o mais como lixo e déficit na contabilidade da vida (cf. Fil
3,1-14) e se lançou incansavelmente no anúncio desta boa notícia. Por isso,
também ele, como muitos outros da sua geração, foi denunciado, perseguido,
encarcerado e finalmente executado. Ele assimilou o que Jesus dissera ao enviar
os Doze: “Não tenham medo de nada!”
Mas
nada e ninguém conseguiu colocar sob algemas aquilo que fazia de Paulo um homem
livre: a Boa Notícia de Jesus Cristo. “Por ele, eu tenho sofrido até ser
acorrentado como um malfeitor. Mas a Palavra de Deus não está acorrentada” (2Tm
2,9). Ele sabia muito bem em quem colocara sua confiança, não se envergonhava de
compartilhar a sorte dos encarcerados e pedia que ninguém se envergonhasse dele
ou de testemunhar a favor de Jesus Cristo, que também foi preso e condenado
(cf. 2Tm 1,8).
Não
esqueçamos que Pedro e Paulo eram membros de comunidades cristãs, e o vínculo
entre a comunidade e seus líderes presos se mostra de um modo comovente no
relato dos Atos dos Apóstolos. “Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja
orava continuamente por ele.” Um pouco antes, quando Pedro e João haviam sido
liberados da prisão, a comunidade pedia em oração: “Agora, Senhor, olha as
ameaças que fazem, e concede que teus servos anunciem corajosamente a tua
Palavra” (At 4,29). Diante da perseguição, as comunidades pede coragem, e não
tranquilidade. O que as sustenta é o encontro com Deus em Jesus Cristo.
Jesus
faz uma pergunta, central no terceiro bloco narrativo de Mateus (11,2-16,20):
“Quem sou eu para vocês?” Na voz de Pedro, esta é a primeira vez que um
discípulo o reconhece e proclama Messias. Mas não esqueçamos que, mesmo sem
rejeitar a confissão de Pedro e dos demais discípulos, Jesus chama a si mesmo
Filho do Homem, e não Filho de Deus (cf. Mt 11,19; 12,8; 12,32), acentuando
assim seus vínculos com a humanidade. Isso significa que somente quem está
aberto e sintonizado com a lógica de Deus pode reconhecer a presença de Deus
nas ações e palavras deste filho da humanidade e irmão de todos os seres
humanos, e esta é a base sólida sobre a qual Jesus Cristo constrói a comunidade
cristã, literalmente, a assembleia dos chamados. “Não foi um ser humano que te
revelou isso...”
Crer,
confiar, partilhar e anunciar: estes são os verbos essenciais da gramática vital
dos cristãos. Só chega à meta da caminhada do discípulo aquele que conjuga
estes verbos em todos os tempos, modos e pessoas. É nesta perspectiva que, escrevendo
a Timóteo desde a cela da prisão, Paulo faz um balanço da sua vida e suas
palavras são eloquentes e comoventes: “Chegou o tempo da minha partida. Combati
o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.” Um pouco antes, havia escrito:
“Estou suportando também os sofrimentos presentes, mas não me envergonho. Sei
em quem acreditei” (2Tm 1,12).
Jesus de Nazaré, filho de Deus e filho da humanidade! A glória
dos teus discípulos e santos não vem dos milagres ou das honras e aplausos encomendados,
mas do teu Pai, o Deus vivo. É por isso que os humildes que os vêm podem se
alegrar. Quem te reconhece como Filho de Deus encarnado na humanidade não está
livre das dificuldades, mas sabe que “o anjo de Deus acampa em volta dos que o
temem”. Por isso, feliz a pessoa que nele crê e espera: viverá firme como quem
vê o invisível. São Pedro e São Paulo, testemunhas, evangelizadores e
dirigentes da primeira hora, roguem por nós! Assim seja! Amém!
Itacir
Brassiani msf
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