A diversidade é uma bênção
que vem do Espírito Santo!
A
experiência do Espírito Santo é coroamento do evento pascal. Reunidos em
comunidade, pedimos que o Espírito renove em nós os prodígios que realizou no início
do cristianismo. Nosso pedido mais intenso é que o Sopro de Deus nos dê respiro e vida; ensine-nos a testemunhar e
anunciar o Reino de Deus na língua das diversas culturas; aumente nosso apreço
pela diversidade; derrube os muros que nossos medos e prepotências ergueram;
abra as portas das nossas igrejas e as empurre para a missão; enfim: convoque
todos homens e mulheres de boa vontade para a imensa caravana que luta em favor
da vida.
O
Espírito Santo é dom, presença gratuita
e força vital de Deus nas suas criaturas e nos caminhos da história. Ele
suscita e sustenta a comunhão entre o Pai e o Filho; possibilita e mantém a
comunhão dos cristãos entre si e com Cristo, sua cabeça; possibilita a comunhão
entre as diferentes Igrejas; abre todas as criaturas para a interdependência e
colaboração essencial e vital. E cumpre esta obra maravilhosa criando e
sustentando a riqueza da diversidade.
Um mundo uniforme seria feio, frio, falso, morto...
A diversidade
de línguas e culturas também é dom do Espírito, bênção de Deus e uma forma de
proteger a humanidade. Sendo uma e única, a humanidade vê, sente, pensa, age,
trabalha, crê, celebra e se comunica mediante diferentes linguagens. A
imposição de um pensamento único é meio caminho para construir impérios que
asseguram a dominação dos mais fortes e espertos sobre os mais fracos. O
próprio Deus dispersa os povos e arruína os projetos de implantar uma cultura
uniforme e prepotente.
Mas será
que podemos afirmar isso também em relação às religiões e Igrejas cristãs?
Jesus é muito aberto em relação às diferenças religiosas: mesmo sendo judeu,
ele respeita o movimento samaritano e demonstra apreço pela postura religiosa
de pessoas pagãs. Chega a dizer que o que importa não é a religião, mas a
prática e a lealdade (cf. Jo 4,23). E as primeiras comunidades cristãs seguem o
mesmo rumo, louvando a Deus pela experiência e pelos valores espirituais de
gente de diferentes religiões.
Na
evangelização e na ação pastoral, o valor da diversidade se expressa na
inculturação. Não deixa de impressionar como o relato dos Atos dos Apóstolos
sublinha que cada um os diferentes grupos étnicos e culturais reunidos em
Jerusalém na manhã do pentecostes escuta a pregação dos apóstolos na sua
própria língua de origem (cf. At 2,6.8.11). É isso que causa, além de uma certa
confusão nas mentalidades muito arrumadinhas, muito espanto e admiração. O que
impressiona é propriamente a diversidade!
Outra
importante expressão da presença ativa do Espírito Santo no mundo e nas pessoas
são os vínculos de amor, amizade e
solidariedade. Onde o Espírito é acolhido, as pessoas isoladas se reúnem, os
membros formam um corpo. É uma comunhão que ultrapassa os indivíduos e se
estende às coletividades humanas, às organizações sociais e a todas as
criaturas. O Espírito impede que sejamos fragmentos desarticulados, perdidos no
tempo e no espaço. Ele nos transforma em corpo e equipe!
Mas o
Espírito Santo não se coaduna com o silêncio omisso, com o individualismo
espiritual, com a submissão medrosa ou com a passividade irresponsável. Ele é a
força de ação de Deus na história, a força da ação libertadora de Jesus Cristo.
Ele nos é enviado como dinamismo missionário, como capacidade de gerar o homem
novo e a nova sociedade: partilhar o pão, curar doenças, perdoar e acolher
pecadores, anunciar o Evangelho, denunciar as opressões, partir em missão. O
Espirito suscita a profecia!
Finalmente,
segundo o Evangelho, os discípulos são enviados por Jesus com o “Sopro” do
Espírito para, como ele, “tirar o pecado do mundo”: para superar e eliminar as
práticas de dominação em si mesmos e nas instituições sociais, políticas e
religiosas. E isso com sentido de urgência, sem deixar para depois, pois o
pecado que for tolerado continuará produzindo seus frutos amargos. Nada de
portas fechadas, nem de braços cruzados! A afirmação da diversidade vai de mãos
dadas com a comunhão e a missão!
Deus, Pai justo e Mãe compassiva, fonte da diversidade,
origem e meta da missão: como nossos pais e mães o fizeram no passado,
esperamos e suplicamos pelo precioso dom do teu Espírito. Que ele venha como Vento
que arrasta o pó acumulado pelas velhas leis, estruturas, ritos e posturas. Que
ele venha como força de Comunhão respeitosa e benfazeja de povos, culturas,
religiões, Igrejas e movimentos. Que ele nos chegue como Terremoto que acorda e
desestabiliza uma Igreja que dorme e se sente segura. Que ele nos visite como Fogo que incinera o
lixo da corrupção e do moralismo interesseiro. Que ele venha com a suavidade da
Brisa que celebra a diversidade e revigora quem quase perdeu a esperança. Assim
seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
(Atos dos Apóstolos 2,1-11 * Salmo 103 (104) * 1ª.
Carta aos Coríntios 12,3-7.12-13 * Evangelho de S. João 20,19-23)
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