quinta-feira, 18 de abril de 2019

O Evangelho dominical - Festa da Páscoa


ENCONTRARMO-NOS COM O RESSUSCITADO

Segundo o relato de João, Maria Madalena é a primeira que vai ao sepulcro, quando ainda está escuro, e descobre desconsolada que está vazia. Falta-lhe Jesus. O Mestre que a havia compreendido e curado. O Profeta que ela tinha seguido fielmente até o fim. A quem seguirá agora? Assim, se lamenta perante os discípulos: «Levaram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o colocaram».
Estas palavras de Maria podem expressar a experiência que muitos cristãos estão experimentando hoje: o que fizemos com Jesus ressuscitado? Quem o levou? Onde o pusemos? É o Senhor em quem cremos, um Cristo cheio de vida ou um Cristo cuja memória gradualmente desaparece dos corações?
É um erro que procuremos provas para acreditar com mais firmeza. Não basta recorrer ao Magistério da Igreja. É inútil investigar as exposições dos teólogos. Para nos encontrarmos com o Ressuscitado, devemos antes de tudo fazer uma jornada interior. Se não o encontrarmos dentro de nós, não o encontraremos em nenhum lugar.
João descreve, um pouco mais tarde, Maria correndo de um lugar para outro para procurar alguma informação. Mas quando vê Jesus, cega pela dor e as lágrimas, não consegue reconhece-Lo. Pensa que é o encarregado do jardim. Jesus apenas lhe faz uma pergunta: «Mulher, por que choras? a quem procuras?».
Talvez devêssemos também perguntar-nos algo semelhante. Por que é que a nossa fé por vezes é tão triste? Qual é a causa final dessa falta de alegria entre nós? Que procuramos, os cristãos de hoje? O que sentimos falta? Estamos procurando um Jesus que necessitamos sentir cheios de vida em nossas comunidades?
Segundo o relato, Jesus está a falar com Maria, mas ela não sabe que é Jesus. É então que Jesus a chama pelo seu nome, com a mesma ternura que colocava na Sua voz quando caminhavam pela Galileia: «Maria!». Ela volta-se rápida: «Rabbuní, Mestre».
Maria encontra-se com o Ressuscitado quando se sente pessoalmente chamada por Ele. É assim. Jesus revela-se cheio de vida, quando nos sentimos chamados pelo nosso próprio nome e ouvimos o convite que faz a cada um de nós. Então a nossa fé cresce.
Não reacenderemos a nossa fé em Cristo ressuscitado, alimentando-o somente de fora. Não nos encontraremos com Ele, se não procurarmos contato íntimo com a Sua pessoa. É o amor a Jesus, conhecido pelos Evangelhos e procurado pessoalmente nas profundezas do nosso coração, que nos pode conduzir ao encontro com o Ressuscitado.
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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