Um
grito diferente no 7 de setembro
Um
grito contra o furacão de arrogância e do autoritarismo,
Metralhadora
verbal que, em todos os momentos e direções,
Cospe
fogo e bala sobre qualquer crítico e opositor de bom senso;
Tidos todos
como inimigos, comunistas, perigosos, baderneiros...
Um
grito contra a guerra às instâncias e instituições democráticas,
Guerra
que espalha confusão e intriga entre os poderes e competências,
Semeando
insultos, ataques e ofensas entre os diferentes órgãos,
Desqualificando
visões, pensamento e valores contrários...
Um
grito contra a institucionalização da mentira histórica,
Que
desenterra tiranos e rebeldes, torturadores e vítimas,
No
sentido de exaltar a ditadura como o melhor dos regimes,
Desdizendo os
fatos há muito consolidados pela historiografia...
Um
grito contra a falta de políticas públicas de bem comum,
Que
possam defender os direitos básicos e a dignidade humana
Dos
povos indígenas, das comunidades quilombolas, dos migrantes
E de todas as
pessoas e grupos cuja vida se encontra mais ameaçada...
Um
grito contra o patrimonialismo, o nacionalismo e o nepotismo:
Um
porque mistura, confunde e baralha o campo público e privado;
Outro
porque se nutre de bravatas, agressões e retórica populista;
E outro ainda
porque privilegia o clã familiar em detrimento da nação....
Um
grito contra a cultura da violência que libera o uso e abuso das armas,
Divide
o campo de batalha em “bons” e “maus”, os “nossos” e “eles”,
Governa
de arma em punho, apontada para os que estão do lado de fora,
Vendo
fantasmas em cada esquina, em cada mensageiro, em cada sombra...
Um
grito contra o desmonte de políticas dura e longamente construídas:
Em
favor da preservação do meio ambiente e da biodiversidade,
Em
favor dos povos e riquezas, da fauna e flora da região amazônica,
Em favor da
pesquisa científica e da educação para o diálogo...
Um
grito contra a cultura do confronto, da vingança e da morte;
Que
após se espalhar pelo país tem ultrapassado suas fronteiras,
Jogando
cizânia em meio ao trigo das boas maneiras diplomáticas,
Isolando o
Brasil e provocando retaliações nas relações econômicas...
Um
grito contra um sistema que não vale, pois exclui, descarta e mata;
Em
favor da mobilização e da luta por justiça, direitos e liberdade;
Pela
reconstrução de um projeto em vista do “Brasil que queremos”
Pelo resgate
da democracia na esfera local, nacional e global...
Um grito pela vida, vida para todos, vida em primeiro
lugar!
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs – Rio de Janeiro, 6 de setembro
de 2019
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