segunda-feira, 7 de abril de 2025

Acompanhemos Jesus

Acompanhemos Jesus no seu caminho de saída | 676 | 08.04.2025 | João 8,21-30

Depois de fazer a defesa pública da mulher prestes a ser apedrejada pelos defensores da lei, e depois de questionar insistentemente os seus acusadores, o diálogo entre Jesus e os fariseus vai ficando difícil e vira confronto aberto. Mais ainda depois de Jesus se apresentar como luz do mundo, aquela que vence as trevas e orienta os homens e mulheres de boa vontade. Ele quer tomar o lugar da Lei!

No texto que refletimos hoje, Jesus fala de um modo enigmático: diz que vai partir, que os fariseus não o poderão acompanhar, que eles vão procurá-lo mas não vão encontrá-lo. E faz uma clara advertência: os fariseus não acreditam nele, e, por isso, morrerão no pecado. Na verdade, segundo o evangelho de João, os fariseus e demais lideranças religiosas pertencem ao mundo, têm interesses rasteiros, orientam-se por um deus feito à imagem e semelhança deles.

A má vontade que os impede de compreender Jesus e aderir a ele nasce de um preconceito teológico. Para eles, Deus é aquele que submete e limita a liberdade e a autonomia das pessoas. Fazendo o que faz e ensinando o que ensina, Jesus estaria usurpando o poder de Deus, e isso eles não conseguiam tolerar. Eles não percebem nenhuma relação entre Jesus e o deus deles. Mas, para Jesus, Deus é sempre a favor do ser humano, e o prioriza acima das leis.

São duas lógicas ou duas cosmovisões distintas e contrastantes. Estas lideranças religiosas jamais conseguirão aceitar um Messias despojado de poder, um Messias crucificado por amor, a vida como dom entregue livremente. Por isso, quando Jesus fala em “partir”, eles ironizam, perguntando se ele vai suicidar-se. Por trás da pergunta não há nenhum sinal de preocupação por Jesus, e a ironia é evidente. Mas Jesus mostra-se livre e altivo; não se acovarda, pois sabe que não está sozinho.

Se, por um lado, os fariseus se fecham cada vez mais e aceitam cada vez menos Jesus e seu ensino, por outro, acolhendo o testemunho de liberdade, ousadia e generosidade dele, muitos acreditam e aderem à sua proposta. Estes entram na lógica “de cima”, dos valores humanos universais, e abandonaram a lógica dos interesses “baixos”. Para estes, Jesus fala com sabedoria e ensina com amor.

 

Meditação:

§ Nesta última semana da quaresma, o apelo a mudar de olhar e de atitude se torna cada vez mais contundente e urgente

§ Ao aproximar-se do desfecho da sua vida, decretado pelas próprias autoridades, Jesus fala claramente de “entrega” e cruz

§ Que imagem de Deus nos orienta e está presente em nossa catequese, nossos cânticos e nossa espiritualidade?

§ Será que estamos sendo capazes de refazer e corrigir nossa imagem de Deus a partir de Jesus crucificado por amor?

Nenhum comentário: