Acompanhemos Jesus no seu caminho de saída | 676 | 08.04.2025 | João 8,21-30
Depois de fazer a defesa pública da
mulher prestes a ser apedrejada pelos defensores da lei, e depois de questionar
insistentemente os seus acusadores, o diálogo entre Jesus e os fariseus vai
ficando difícil e vira confronto aberto. Mais ainda depois de Jesus se
apresentar como luz do mundo, aquela que vence as trevas e orienta os homens e
mulheres de boa vontade. Ele quer tomar o lugar da Lei!
No texto que refletimos hoje, Jesus
fala de um modo enigmático: diz que vai partir, que os fariseus não o poderão
acompanhar, que eles vão procurá-lo mas não vão encontrá-lo. E faz uma clara
advertência: os fariseus não acreditam nele, e, por isso, morrerão no pecado.
Na verdade, segundo o evangelho de João, os fariseus e demais lideranças
religiosas pertencem ao mundo, têm interesses rasteiros, orientam-se por um
deus feito à imagem e semelhança deles.
A má vontade que os impede de
compreender Jesus e aderir a ele nasce de um preconceito teológico. Para eles,
Deus é aquele que submete e limita a liberdade e a autonomia das pessoas. Fazendo
o que faz e ensinando o que ensina, Jesus estaria usurpando o poder de Deus, e
isso eles não conseguiam tolerar. Eles não percebem nenhuma relação entre Jesus
e o deus deles. Mas, para Jesus, Deus é sempre a favor do ser humano, e o
prioriza acima das leis.
São duas lógicas ou duas cosmovisões
distintas e contrastantes. Estas lideranças religiosas jamais conseguirão
aceitar um Messias despojado de poder, um Messias crucificado por amor, a vida
como dom entregue livremente. Por isso, quando Jesus fala em “partir”, eles ironizam,
perguntando se ele vai suicidar-se. Por trás da pergunta não há nenhum sinal de
preocupação por Jesus, e a ironia é evidente. Mas Jesus mostra-se livre e
altivo; não se acovarda, pois sabe que não está sozinho.
Se, por um lado,
os fariseus se fecham cada vez mais e aceitam cada vez menos Jesus e seu
ensino, por outro, acolhendo o testemunho de liberdade, ousadia e generosidade
dele, muitos acreditam e aderem à sua proposta. Estes entram na lógica “de
cima”, dos valores humanos universais, e abandonaram a lógica dos interesses
“baixos”. Para estes, Jesus fala com sabedoria e ensina com amor.
Meditação:
§ Nesta última semana da quaresma, o apelo a mudar de
olhar e de atitude se torna cada vez mais contundente e urgente
§ Ao aproximar-se do desfecho da sua vida,
decretado pelas próprias autoridades, Jesus fala claramente de “entrega” e cruz
§ Que imagem de Deus nos orienta e está presente
em nossa catequese, nossos cânticos e nossa espiritualidade?
§ Será que estamos sendo capazes de refazer e
corrigir nossa imagem de Deus a partir de Jesus crucificado por amor?
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