Ninguém jamais
falou e agiu como Jesus de Nazaré! | 673 | 05.04.2025 | João 7,40-53
O contexto existencial e social no
qual se situa o episódio de hoje é especialmente difícil e conflituoso para
Jesus. Seus parentes querem que ele vá a Jerusalém para se tornar famoso,
indiferentes e resistentes ao caminho de despojamento e solidariedade que ele
estava propondo e vivendo. João diz que nem sua própria família acredita nele
(cf. Jo 7,1-15).
Jesus vai a Jerusalém para a Festa das Tendas,
que celebrava a difícil e longa travessia do povo pelo deserto, fugindo da
escravidão de Egito e buscando uma terra livre e partilhada. Mas vai meio
sozinho, discretamente. Mesmo assim, sua fala chama a atenção. “Ninguém jamais
falou como este homem”, dizem os policiais do templo, para escândalo dos
fariseus. Mas as opiniões se dividem e contrapõem.
A chefia do templo já havia decidido prender
Jesus, mas até os guardas ficam impressionados ao ouvi-lo. E muita gente se
pergunta se ele não seria o Profeta ou o Messias esperado. Mas o preconceito do
povo da capital contra a gente da Galileia é uma catarata que os impede de ver.
E esse preconceito se volta também contra os pobres e pouco letrados que se
deixam atrair por Jesus. “Essa gente que não conhece a lei é maldita”, dizem os
fariseus, ecoando o preconceito de todos.
Sobra críticas e ataques pouco fraternos até
para Nicodemos, que desfruta de uma posição de liderança entre os fariseus.
Quando ele lembra aos seus pares que a Lei que eles defendem e ensinam os proíbe
julgar alguém antes de ouvi-lo, é taxado de analfabeto em relação às escrituras
e acusado de fazer parte da massa presumivelmente iludida por Jesus. Faltou
dizer, como repetem alguns “patriotas” pouco afeitos aos direitos humanos:
“Você gosta dele? Vai com ele para Cuba ou Venezuela!”
O preconceito
sempre distorce a visão de quem se julga melhor e superior. O medo faz que
vejamos demônios e terror por todo lado. A intolerância nos fecha no estreito
círculo da “nossa verdade”, que geralmente não tem sustentação na realidade, e
impossibilita a fraternidade e a conversão ao Evangelho de Jesus. Precisamos
levar Jesus realmente a sério, pois ele revela nossa verdade e nos conduz à
autêntica liberdade.
Meditação:
·
Situe-se no coração deste
debate sobre Jesus, na ausência dele; escute com atenção as opiniões
divergentes que diferentes grupos têm sobre ele, e note a intolerância e o
fechamento ao diálogo
·
Em que medida nossos
preconceitos culturais e religiosos nos impedem de ver e reconhecer hoje a
dignidade dos “diferentes” (migrantes, evangélicos, negros, indígenas, ateus,
LGBTIQ+)?
·
Será que o medo, o
fechamento e o preconceito não está levando alguns grupos religiosos a negar
com suas práticas o Evangelho que anunciam com suas palavras?
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