terça-feira, 1 de abril de 2025

Eu trabalho sempre como meu Pai

O Senhor consola o seu povo e se compadece dos pobres | 670 | 02.04.2025 | João 5,17-30

A cena do evangelho de ontem terminava com um paralítico curado e caminhando livre, carregando sua cama em pleno dia de sábado, e com as autoridades decidindo prender e condenar Jesus à morte. Eles estavam interessados apenas em defender o aparato legal e religioso, sem a mínima empatia com o povo cansado e abatido.

No texto de hoje, que segue a cena de ontem, Jesus enfrenta as acusações levantadas pelas autoridades do templo. Para Jesus, o sexto dia da criação ainda não terminou, e Deus não descansa enquanto suas criaturas não cheguem à vida plena. Jesus ousa chamar Deus de pai, sublinhando que ele é sua origem e o fundamento da sua ação, que tem com ele uma relação que os escribas nem imaginam. Ele faz aquilo que aprende do Pai.

A reação do templo e das lideranças que o sustentam e dele vivem se torna cada vez mais violenta. Jesus não deixa por menos, e repete, de diversas formas, que o Pai é a base, o fundamento e a origem do seu ser e das suas ações. Apelando à experiência comum, Jesus diz que o filho só faz o que aprende do pai; que quem honra o filho honra, na verdade, seu pai; que ele dá realismo à profecia de Ezequiel, que faz os ossos secos recobrarem vida.

De diversos modos, Jesus se apresenta como o único conhecedor e mediador da vontade e da ação de Deus. Assim, desmascara a pretensão dos doutores da lei e dos sacerdotes, e solapa a autoridade deles junto ao povo. O que eles fazem e impõem não tem nada a ver com a vontade de Deus. O que Jesus faz, na emancipação do mendigo à beira da piscina e em diversas outras ações libertadoras, pode ser comparada à ressurreição dos mortos.

Por fim, Jesus acusa as autoridades do templo de julgar os outros a partir dos interesses deles mesmos e do templo. Enquanto isso, o julgamento de Jesus (intervenção libertadora em favor das pessoas vulneráveis) não é expressão da sua vontade e dos seus interesses, mas da vontade de Deus, seu e nosso pai. Amanhã, voltaremos à lição que Jesus passa às autoridades do templo. Por hoje, fiquemos com o alerta de que a conversão ao Evangelho é mais difícil que a simples mudança dos costumes.

 

Meditação:

§ Situe-se no interior da cena, observe a atitude de Jesus e a raiva que ele suscita nas autoridades religiosas

§ Deixe-se levar, envolver e iluminar pela metáfora da relação entre pai/mãe e filho/filha, que Jesus usa para justificar suas ações

§ Você percebe na Igreja e na sociedade de hoje pessoas que estão mais interessadas na defesa das leis que na defesa das pessoas?

§ Como podemos pôr hoje em prática a empatia, a compaixão e o compromisso de Jesus com a defesa das pessoas vulneráveis?

§ Porque muitos de nós ainda acham que agrada mais a Deus a defesa das leis e dos costumes que a defesa dos direitos humanos?

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