O Senhor
consola o seu povo e se compadece dos pobres | 670 | 02.04.2025 | João 5,17-30
A cena do evangelho de ontem terminava
com um paralítico curado e caminhando livre, carregando sua cama em pleno dia
de sábado, e com as autoridades decidindo prender e condenar Jesus à morte.
Eles estavam interessados apenas em defender o aparato legal e religioso, sem a
mínima empatia com o povo cansado e abatido.
No texto de hoje, que segue a cena de ontem,
Jesus enfrenta as acusações levantadas pelas autoridades do templo. Para Jesus,
o sexto dia da criação ainda não terminou, e Deus não descansa enquanto suas
criaturas não cheguem à vida plena. Jesus ousa chamar Deus de pai, sublinhando
que ele é sua origem e o fundamento da sua ação, que tem com ele uma relação
que os escribas nem imaginam. Ele faz aquilo que aprende do Pai.
A reação do templo e das lideranças que o
sustentam e dele vivem se torna cada vez mais violenta. Jesus não deixa por
menos, e repete, de diversas formas, que o Pai é a base, o fundamento e a
origem do seu ser e das suas ações. Apelando à experiência comum, Jesus diz que
o filho só faz o que aprende do pai; que quem honra o filho honra, na verdade,
seu pai; que ele dá realismo à profecia de Ezequiel, que faz os ossos secos
recobrarem vida.
De diversos modos, Jesus se apresenta como o
único conhecedor e mediador da vontade e da ação de Deus. Assim, desmascara a
pretensão dos doutores da lei e dos sacerdotes, e solapa a autoridade deles
junto ao povo. O que eles fazem e impõem não tem nada a ver com a vontade de
Deus. O que Jesus faz, na emancipação do mendigo à beira da piscina e em
diversas outras ações libertadoras, pode ser comparada à ressurreição dos
mortos.
Por fim, Jesus
acusa as autoridades do templo de julgar os outros a partir dos interesses
deles mesmos e do templo. Enquanto isso, o julgamento de Jesus (intervenção
libertadora em favor das pessoas vulneráveis) não é expressão da sua vontade e
dos seus interesses, mas da vontade de Deus, seu e nosso pai. Amanhã,
voltaremos à lição que Jesus passa às autoridades do templo. Por hoje, fiquemos
com o alerta de que a conversão ao Evangelho é mais difícil que a simples mudança
dos costumes.
Meditação:
§ Situe-se no interior da cena, observe a atitude de Jesus e a
raiva que ele suscita nas autoridades religiosas
§ Deixe-se levar, envolver e iluminar pela
metáfora da relação entre pai/mãe e filho/filha, que Jesus usa para justificar
suas ações
§ Você percebe na Igreja e na sociedade de hoje
pessoas que estão mais interessadas na defesa das leis que na defesa das
pessoas?
§ Como podemos pôr hoje em prática a empatia, a
compaixão e o compromisso de Jesus com a defesa das pessoas vulneráveis?
§ Porque muitos de nós ainda acham que agrada
mais a Deus a defesa das leis e dos costumes que a defesa dos direitos humanos?
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