quinta-feira, 3 de abril de 2025

Caminhando para a Páscoa

Jesus revela o rosto e o coração de Deus em suas ações | 672 | 04.04.2025 | João 7,1-30

A proposta litúrgica do tempo quaresmal não obedece à sequência literária nem ao progresso temporal dos textos dos evangelhos, mas a uma lógica temática, enfatizando o progresso na conversão pessoal, comunitária e social. O texto de hoje está localizado em plena ação apostólica de Jesus, num momento especialmente crítico.

Estando na Galileia, Jesus é abordado pelos seus próprios familiares, que fazem pressão para que ele suba a Jerusalém com o objetivo de ampliar sua influência sobre o povo e aumentar sua fama. Isso revela que seus parentes esperam usufruir das vantagens de ter um familiar famoso. Este não é o projeto de Jesus, e nem seus familiares acreditam nele.

Diante da recusa de Jesus, seus parentes sobem sozinhos a Jerusalém para a festa das tendas, que celebra a memória da travessia do deserto. Jesus vai a Jerusalém mais tarde, discreto e, ao mesmo tempo, absolutamente convicto de que o templo e suas instituições não tinham nada a dizer sobre os novos tempos do Reino de Deus que ele inaugurava com suas ações, anunciava com sua pregação e explicava com sua catequese.

Mas a discrição de Jesus não impede que sua presença seja percebida. E as pessoas se questionam sobre ele, já que ele não tem nada de especial que o identifique com o profeta esperado, a não ser suas ações de emancipação e libertação, aliás, radicalmente questionadas pelas lideranças religiosas. E os peregrinos se perguntam por que as autoridades não o prendem.

Os cidadãos de Jerusalém, mergulhados na ideologia veiculada pelo templo e seus ministros, refutam a identidade messiânica de Jesus e afirmam que sabem de onde ele vem: seu sotaque indica que é galileu. Quanto ao Messias, ensinava a tradição, ninguém saberia de onde viria. Mas Jesus responde a eles com ironia e coragem: eles não sabem de onde virá o Messias, e também não conhecem Aquele que o envia.

Na verdade, Jesus questiona o saber usado como muro protetivo contra as surpresas de Deus e como álibi para evitar a necessária conversão. Não podemos falar de Deus ou imaginá-lo passando ao largo de Jesus, seu filho amado e seu enviado autorizado. Ninguém chega ao Pai sem passar por Jesus Crucificado, presencializado no rosto dos pobres e das vítimas.

 

Meditação:

§ Situe-se no coração do debate de Jesus com seus familiares e com os cidadãos da capital, lendo o texto inteiro

§ Você conhece pessoas, grupos ou igrejas que “usam” o nome de Jesus para levar algum tipo de vantagem?

§ Você é capaz de perceber o alcance político e social da pregação e da prática de Jesus, ou vê nele apenas um líder espiritualista?

§ Você tem levado a sério Jesus (seu ensino e sua prática) para fazer uma ideia de Deus e falar dele?

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