O encontro vivo
com Jesus nos liberta e nos emancipa | 669 | 01.04.2025 | João 5,1-16
Segundo o evangelho de João, esta é a
segunda vez que Jesus vai a Jerusalém, mas desta vez não se diz que ele foi ao
templo. João também não diz qual era a festa que se celebrava naquele momento.
Mas isso não importa, porque Jesus relativiza tanto o templo como as festas
religiosas promovidas nele. O templo não é mais o lugar da memória, da fé e da
vida!
A piscina conhecida como casa da misericórdia
não promove misericórdia nenhuma. Em torno dela temos um retrato da multidão de
gente excluída que se amontoa em Jerusalém. Somente os “puros”, os “bons” podem
entrar no templo, e é o próprio templo que impõe a lei segundo a qual somente
“os primeiros” seriam beneficiados com a esperada cura.
O homem paralisado há trinta e oito anos é
figura da imensa maioria do povo: excluída sem piedade do templo e das suas
festas religiosas. No templo não há lugar para a fé que liberta, mas vigora a competição
que exclui e a perseguição que mata, como comprovará Jesus. Assim como o templo
e suas festas não servem para nada, também a água da piscina, como a água do
poço de Jacó, só consolidam e aumentam a discriminação.
Jesus visita Jerusalém sem chamar a atenção
sobre si, e nem sequer se apresenta à multidão excluída e ao homem paralisado
que esperam em torno da piscina. Ele também não dá a mínima importância para o
templo e suas leis. Jesus sabe que as festas são ocasionais e que a exclusão é
permanente. Sabe também que a Lei e o Templo não libertam ninguém, pois são os
próprios causadores da prostração e da exclusão do povo.
Jesus não mergulha o paralítico na água, nem o
manda lançar-se na piscina. Ele simplesmente ordena que ele se levante e
caminhe por si mesmo, libertando-o das amarras e fardos da lei. A cama na qual
estava preso é exatamente o símbolo da Lei! Estimulado por Jesus, o homem,
emancipado, não leva mais a Lei em conta e pode peregrinar na esperança.
Por isso, Jesus
vai buscar (e não “encontrar”) o homem curado no templo. Ser libertado à margem
da Lei e contra as regras do templo e continuar submisso a elas significaria
recair no pecado. Na Lei e no Templo ninguém encontra confirmação de sua
liberdade nem da sua dignidade, mas apenas discriminação, perseguição e morte.
Meditação:
§ Situe-se no interior da cena, observe a
atitude de Jesus em meio à multidão que se acotovelava para conseguir “uma
vaga” na água
§ Observe atentamente cada palavra que Jesus
fala e cada gesto ou ação que ele executa, captando seu sentido profundo
§ Você consegue perceber como o episódio é uma
denúncia forte contra o uso das leis e cultos para manter as pessoas dominadas?
§ O que a palavra e a prática de Jesus nos
ensina sobre o uso abusivo da religião para premiar alguns e submeter
multidões?
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