Não busquemos atalhos, nem sejamos inimigos da cruz de Cristo | 653 | 16.03.2025
| Lucas 9,38-46
Depois
de ter sido reconhecido por Pedro como “o Cristo de Deus”, Jesus acrescentara:
“É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos,
sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar... E se alguém quer vir após mim, renuncie a si
mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a
perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a salvará” (Lc 9,22-23).
Os discípulos não
conseguem compreender e aceitar este caminho escolhido e proposto por Jesus.
Sentem-se desconcertados diante de um Messias servidor. Resistem a um caminho
que os levará a ser companheiros dele no anúncio do Reino e na perseguição. Não
passa pela cabeça deles carregar a cruz da rejeição e da criminalização,
imposta a quem ousa se rebelar contra os poderes do Império.
É neste contexto que
Jesus sente necessidade de retirar-se para confirmar o caminho que deve seguir
e propor a quer ser seu discípulo. Chama e leva consigo Pedro, Tiago e João, os
mais resistentes ao caminho que propunha e os mais aferrados às ambições de
poder. O medo e a resistência dos discípulos se mostra simbolicamente no sono,
como aconteceria de novo mais tarde, no Jardim das Oliveiras (cf. Lc 22,45).
O sono assinala o desejo
de fugir, de voltar atrás, de não escutar nada senão as próprias ideias e
ambições. O trio não se interessa pelo tema da conversa de Jesus com Moisés e
Elias, e é despertado apenas pelo brilho glorioso de Jesus e seus convidados.
Glória e poder estão no horizonte do interesse deles, tanto que desejam reter o
tempo, separar os espaços e eternizar esta agradável visão. Não querem descer
para lutar pelo reino de Deus, como fizeram Moisés e Elias, e como fará Jesus.
Mas a glória e o esplendor não são
expressões inequívocas de Deus e da sua vontade. É a sombra tenebrosa de uma
nuvem – imagem daquela nuvem que acompanhara o povo na caminhada através do
deserto e envolvera a montanha na celebração da Aliança – que desfaz o
entusiasmo dos discípulos e os conduz à verdade à qual resistem: “Este é o meu
filho, o eleito. Escutai-o!” Jesus nos fala com sabedoria, e o caminho da
compaixão e da cruz não é eventual nem opcional para seus discípulos.
Meditação:
·
Leia atentamente, palavra
por palavra, e visualize a cena e os personagens, como se apresentam, aquilo
que dizem e aquilo que fazem
·
Quais são as suas
resistências a Jesus Cristo e sua mensagem?
·
Procure identificar o
núcleo essencial da cena, e o conflito ou a tensão que ela pretende resolver
·
Como tem sido seu caminho
de meditação do Evangelho, especialmente na primeira semana da quaresma?
·
Quais são as tentativas
de fuga ou de alienação (construir tendas em lugares agradáveis) que rondam
você e sua comunidade?
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