A misericórdia é o que torna a pessoa semelhante a Deus | 654 | 17.03.2025
| Lucas 6,36-38
No evangelho de
ontem, a voz que ressoou a partir de dentro da nuvem que envolveu os discípulos
amedrontados, dizia: “Este é meu filho amado; escutem o que ele diz!” E hoje,
aquele que devemos escutar nos ordena (cf. Lc 6,36): “Sejam misericordiosos,
como também o Pai de vocês é misericordioso”. Em outras palavras: ele pede que
sejamos e vivamos como ele mesmo viveu, um amor solidário e sem fronteiras.
O
Papa Francisco diz que a misericórdia é a palavra-chave que a Bíblia
usa para falar do agir de Deus em relação às suas criaturas. E os sinais
que Jesus realiza, sobretudo para com os pecadores, as pessoas pobres,
marginalizadas, doentes e atribuladas, estão marcadas pela misericórdia e dela
são expressão. Em Jesus, tudo fala de misericórdia, e nele não há nada que seja
desprovido de compaixão.
Recordemos, a título de exemplo, o
episódio relatado em João 8,1-11. Jesus estava na praça do templo, e o clima
era de tensão com as autoridades. Um grupo de doutores da lei e de
fariseus chegou trazendo uma mulher, acusando-a de adultério e pedindo que
Jesus tome uma posição. Entre a lei de Moisés e a dignidade daquela
pobre mulher, Jesus faz uma escolha surpreendente: chama os acusadores a rever
sua própria conduta, e trata a mulher com misericórdia. Ele quer misericórdia,
e não legalismo frio!
E, para o discípulo de Jesus, a
misericórdia não é apenas um princípio entre vários outros, mas o dinamismo
fundamental, aquele que dá concretude e sentido a todas as leis e proibições.
Nas palavras de Francisco, a misericórdia é a arquitrave (viga-mestra) que
sustenta a vida e a atividade da Igreja. “A credibilidade da Igreja passa
pela estrada do amor misericordioso e compassivo”.
O
que Jesus ensina nos demais versículos são exemplos desdobramentos da atitude
misericordiosa: não julgar nem condenar ninguém; perdoar e ajudar todos; dar
com generosidade a quem tem mais necessidade que nós. Essa ordem não se refere
apenas ao campo das relações interpessoais, mas também na dimensão social:
acolher, e não julgar ou criminalizar as pessoas e grupos diferentes; afirmar a
igual dignidade de homens e mulheres, brancos e negros, cristãos e ateus;
cuidar da nossa Casa Comum.
Meditação:
§ Leia atentamente,
palavra por palavra, o mandamento de Jesus e os exemplos mais concretos que ele
oferece
§ O que é que nos move
naquilo que fazemos pelos outros como cristãos e como Igreja?
§ Que medida nós usamos
nas ações solidárias com os mais vulneráveis, e como avaliamos e julgamos as
pessoas?
§ Como seria a nossa
Igreja todas as suas decisões e ações passasse pela estrada do amor
misericordioso e compassivo?
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