Com o exemplo de José, vivamos como Deus nos pede | 656 | 19.03.2025
| Mateus 1,16-24
Nem sempre São José gozou de cidadania ou destaque
especial na espiritualidade da Igreja católica. Somente a partir do século XIX
o conhecido carpinteiro de Nazaré, esposo de Maria e pai de Jesus adquiriu uma
relevância maior na liturgia e na devoção. Pio XII o declarou padroeiro dos
trabalhadores, e João XXIII o fez patrono da Igreja universal. O Papa Francisco
incluiu o nome de São José nas orações eucarísticas e dedicou um ano pastoral a
ele.
A liturgia de hoje vê José como o novo “pai da fé”, como
o foi Abraão, que partiu, obediente a Deus, sem saber claramente o que o
esperava. O evangelho de Mateus narra, com objetivo mais espiritual e
cristológico que histórico, alguns acontecimentos protagonizados por José, esse
“gigante silencioso”, como o denominou um teólogo contemporâneo.
Mas não podemos esquecer que José é o apaixonado marido
de Maria. Mesmo diante daquilo que, para muita gente, era uma evidência de
infidelidade e traição de Maria, ele buscou um jeito de evitar qualquer dano à
sua amada. O que o moveu nisso foi mais que uma simples atitude de respeito e
afeto – o que já seria o bastante! – mas a convicção de que Deus estava
escrevendo uma grande e bela história por essas linhas que lhe pareciam tremendamente
tortas. Nada é impossível para quem crê!
O filho de Deus faz-se carne no dinamismo desta relação
de amor autenticamente humana fecundada pela fé. Um dos sinais da grandeza de
José é sua renúncia ao papel masculino estabelecido pela ideologia patriarcal,
segundo o qual do homem deriva toda e qualquer iniciativa boa e respeitável, e
a mulher é apenas uma auxiliar. José compreende que Deus não está preso a essa
ideologia e não privilegia o macho, e que sua vontade não está contemplada nem
é realizada pela estrutura patriarcal.
Com Maria, José discerne e trilha um caminho
inaudito para realizar a vontade de Deus: decidem viver um casamento que
contraria os costumes e expectativas sociais, que poderá ser incompreendido e
considerado vergonhoso por muita gente. Completando o matrimônio acordado e não
abandonando Maria, ele decide viver com ela uma existência exigente e
contracorrente. Nisso ele e Maria são embrião da nova humanidade.
Meditação:
§ Situe-se
espiritualmente na cena descrita por Mateus, e procure penetrar nos sentimentos
e pensamentos de José
§ Você
se dá conta que é exatamente na abdicação dos “direitos” patriarcais que José
mostra sua justiça e Deus se faz carne?
§ Você
percebe que não é na castidade virginal, mas no amor profundo e inclusivo de
José e Maria que nasce o filho de Deus?
§ Em
que sentido o amor conjugal plenamente humano de Maria e José é uma inspiração
para as relações dos casais de hoje?
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