Acreditar nos profetas é mais sábio que esperar milagres | 657 | 20.03.2025
| Lucas 16,19-31
No capítulo 15 do evangelho, Lucas nos apresenta o elogio de Jesus a uma mulher que
“desperdiça” tempo procurando uma moeda, a um pastor que “esbanja” cuidado com
uma ovelha e deixa as outras noventa e nove de lado, e a um pai que “gasta”
seus bens para festejar o retorno do filho que o renegara. O próprio Jesus é
uma espécie de “filho pródigo” que abre a festa do Reino a todos os que eram
dela excluídos.
No início do capítulo 16, no qual se encontra a
parábola de hoje, Jesus elogia um administrador que usa o dinheiro do seu
patrão para criar vínculos de amizade e fraternidade, e, ao mesmo tempo, critica
os fariseus, porque preferem ser “amigos do dinheiro”. A parábola do rico e do
pobre Lázaro está neste contexto de busca e acolhida solidária dos marginalizados
e do uso correto dos bens materiais.
A parábola é bem conhecida, o que torna
desnecessário descrevê-la. Ela apresenta dois personagens que não estabelecem
nenhuma relação um com o outro: estão próximos – o pobre Lázaro está à porta da
casa do rico! – mas não têm nada em
comum. Na verdade, a indiferença do rico cavou um abismo – ou levantou um muro
– que os separa, apesar da proximidade física. Apenas a experiência da morte os
atinge por igual.
O foco da parábola é a urgência da conversão, e a
atenção ao presente. A polêmica não se dirige apenas contra os ricos,
mas ressoa como alerta àqueles que seguem Jesus. Chama a atenção para o lugar
que a posse e o uso bens ocupa no Reino de Deus. Não é sábio desfrutar dos bens
de forma egoísta. Não é prudente esperar um milagre para se converter. Não é
cristão viver de qualquer jeito, “de olho” na vida eterna.
E não há como ignorar o papel que a Palavra de Deus
ocupa na orientação da nossa vida e do processo de conversão. Quando muitos
deliram com milagres ostentados como espetáculo ao vivo e a cores, ou esperam
desesperadamente um grande sinal, Jesus diz que nos basta a Escritura. Não há
milagre capaz de mudar a vida de quem não se abre à Palavra de Deus, não
exercita o diálogo, vive uma indiferença olímpica com tudo e com todos, e se
recusa a acolher o outro como irmão.
Meditação:
§ Leia atentamente as duas cenas dessa parábola,
percebendo as características de cada um dos dois personagens
§ Evite resvalar para a tentação de interpretar
essa parábola como uma ilustração de como será a vida depois da morte
§ Como você se comporta em relação aos pobres e
necessitados, especialmente aos que se organizam e lutam por seus direitos?
§ Por que os cristãos de hoje, mesmo tendo as
escrituras e o testemunho de Jesus, não levamos a sério a solidariedade?
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