Deus transforma a pedra descartada em pedra fundamental | 658 | 21.03.2025
| Mateus 21,33-46
Voltamos ao enfrentamento entre Jesus e a elite
religiosa, no templo. O trecho de hoje explicita a tensão crescente inconciliável
entre esta elite e a pessoa e o ensino de Jesus. Também neste caso, a parábola
é clara, e dispensa uma nova narração. No final, com sua habilidade, Jesus leva
seus adversários a pronunciar a própria autocondenação.
Com esta parábola, Jesus sublinha as consequências
fatais da indiferença ou da rejeição de sua pessoa e missão, visceralmente
ligadas ao Reino de Deus. A identidade e a missão de Jesus estão na linha dos
grandes profetas enviados por Deus para defender seus direitos estabelecidos na
aliança, que são os direitos dos mais pobres e vulneráveis diante dos
prepotentes. Com isso, os profetas acabam atraindo sobre si a ira e a
violência.
Os chefes dos sacerdotes e outras lideranças
políticas e religiosas de Jerusalém agem como se fossem senhores da vida e da
morte do povo, e como se fossem os únicos mediadores e intérpretes autorizados
da vontade de Deus. Eles receberam uma responsabilidade ou uma missão, mas agem
em causa própria, torcem a vontade de Deus, legitimam as violências perpetradas
contra os pobres e indefesos, e eliminam quem ousa criticá-los. E Jesus percebe
que será certamente a próxima vítima.
Jesus denuncia e deslegitima os “vinhateiros” e
“doutores” que se apossaram da vinha e se assentaram na cátedra de Moisés.
Rejeitando Jesus e interpondo dificuldades à vida dos pobres, eles descartam o
próprio Deus e sacralizam o que lhes assegura vantagens. A advertência de Jesus
é clara: Deus não se deixa enganar por uma adesão simplesmente externa, e,
menos ainda, por uma pretensa “supremacia” étnica. A lógica de Deus é
transformar os excluídos e descartados em cidadãos plenos.
São os próprios líderes criticados que se
qualificam como “canalhas” e “perversos”, e afirmam não serem dignos de
confiança. A insistência de Jesus numa fé que produza frutos de misericórdia e
justiça enfatiza que a autenticidade da fé não consiste na estética (gestos, ritos e palavras bonitas e corretas) e não é étnica (pertencer a um povo específico
ou a uma “raça superior”), mas essencialmente ética: produzir frutos de diálogo, de misericórdia, de solidariedade
e de acolhida.
Meditação:
§ Leia atentamente essa parábola, com atenção
aos vários enviados pelo dono e às ações típicas e perversas dos vinhateiros
§ Observe o julgamento que os próprios líderes
religiosos fazem sobre os vinhateiros, sem darem-se conta de que se
autocondenam
§ Qual é a sentença de Jesus sobre eles? Que
sentido tem o que Jesus diz? Que sentença você daria a eles?
§ Qual é a base que sustenta e legitima sua fé
em Jesus? Uma pertença apenas exterior e por tradição? Que frutos você produz?
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