quinta-feira, 20 de março de 2025

Sobre pedras descartadas

Deus transforma a pedra descartada em pedra fundamental | 658 | 21.03.2025 | Mateus 21,33-46

Voltamos ao enfrentamento entre Jesus e a elite religiosa, no templo. O trecho de hoje explicita a tensão crescente inconciliável entre esta elite e a pessoa e o ensino de Jesus. Também neste caso, a parábola é clara, e dispensa uma nova narração. No final, com sua habilidade, Jesus leva seus adversários a pronunciar a própria autocondenação.

Com esta parábola, Jesus sublinha as consequências fatais da indiferença ou da rejeição de sua pessoa e missão, visceralmente ligadas ao Reino de Deus. A identidade e a missão de Jesus estão na linha dos grandes profetas enviados por Deus para defender seus direitos estabelecidos na aliança, que são os direitos dos mais pobres e vulneráveis diante dos prepotentes. Com isso, os profetas acabam atraindo sobre si a ira e a violência.

Os chefes dos sacerdotes e outras lideranças políticas e religiosas de Jerusalém agem como se fossem senhores da vida e da morte do povo, e como se fossem os únicos mediadores e intérpretes autorizados da vontade de Deus. Eles receberam uma responsabilidade ou uma missão, mas agem em causa própria, torcem a vontade de Deus, legitimam as violências perpetradas contra os pobres e indefesos, e eliminam quem ousa criticá-los. E Jesus percebe que será certamente a próxima vítima.

Jesus denuncia e deslegitima os “vinhateiros” e “doutores” que se apossaram da vinha e se assentaram na cátedra de Moisés. Rejeitando Jesus e interpondo dificuldades à vida dos pobres, eles descartam o próprio Deus e sacralizam o que lhes assegura vantagens. A advertência de Jesus é clara: Deus não se deixa enganar por uma adesão simplesmente externa, e, menos ainda, por uma pretensa “supremacia” étnica. A lógica de Deus é transformar os excluídos e descartados em cidadãos plenos.

São os próprios líderes criticados que se qualificam como “canalhas” e “perversos”, e afirmam não serem dignos de confiança. A insistência de Jesus numa fé que produza frutos de misericórdia e justiça enfatiza que a autenticidade da fé não consiste na estética (gestos, ritos e palavras bonitas e corretas) e não é étnica (pertencer a um povo específico ou a uma “raça superior”), mas essencialmente ética: produzir frutos de diálogo, de misericórdia, de solidariedade e de acolhida.

        

Meditação:

§ Leia atentamente essa parábola, com atenção aos vários enviados pelo dono e às ações típicas e perversas dos vinhateiros

§ Observe o julgamento que os próprios líderes religiosos fazem sobre os vinhateiros, sem darem-se conta de que se autocondenam

§ Qual é a sentença de Jesus sobre eles? Que sentido tem o que Jesus diz? Que sentença você daria a eles?

§ Qual é a base que sustenta e legitima sua fé em Jesus? Uma pertença apenas exterior e por tradição? Que frutos você produz?

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