A prioridade de
Jesus e dos cristãos são os mais
necessitados | 661 | 24.03.2025 | Lucas 4,24-30
Depois de termos refletido ontem sobre
cena na qual Jesus questiona a ideologia que atribui à ira de Deus os desastres
históricos e diz que as vítimas são pecadoras, somos levados à estreia da sua vida
pública em Nazaré. E ele começara “demarcando o campo”, lendo um trecho do
profeta Isaías e terminando com uma breve e explosiva “homilia”: “Hoje se
cumpriu essa passagem da escritura que vocês acabaram de ouvir”.
A reação dos seus conterrâneos e coetâneos é
contraditória: por um lado, admiração e aplausos; por outro, escândalo,
críticas e até ameaças. Enquanto uns se impressionavam pela coragem e sabedoria
das suas palavras, outros tropeçavam na sua origem humilde e pobre. Ademais, sua
postura pouco exclusivista em benefício dos seus concidadãos, e pouco
nacionalista por alargar as fronteiras da sua missão para todos os pobres
começa a causar estranheza e incômodo inclusive aos mais próximos.
Jesus conhece a história da profecia,
expressão da vontade de Deus especialmente nos momentos mais críticos da vida
social e religiosa. Deus não considera os vínculos étnicos, tribais e nacionais
na sua ação libertadora. E os profetas, quando autênticos, se movem na mesma direção
e com a mesma liberdade. Por isso, sempre sofrem rejeição por parte daqueles
que se consideram melhores, superiores, mais merecedores, começando pelos que lhes
são mais próximos ou parecem mais piedosos.
Jesus não realiza nenhum milagre em benefício
exclusivo dos seus conterrâneos e, com isso, frustra as expectativas e
interesses deles. Ele não se submete aos interesses de pequenos grupos. Os
caminhos de Deus seguem outra lógica: Deus prioriza as pessoas e grupos sociais
mais necessitados, aqueles que não contam e não valem aos olhos dos grupos que
controlam o poder, aqueles que são “diferentes” ou “estão longe” e, por isso, são
tornados invisíveis e são menosprezados.
Jesus busca como prova
dessa lógica de Deus dois fatos antigos. Mesmo que existissem muitas viúvas
pobres em Israel, o profeta Elias foi socorreu apenas uma viúva estrangeira.
Mesmo diante de muitos leprosos hebreus, Eliseu priorizou a cura de um leproso
estrangeiro. Cabe-nos assimilar e viver o amor sem fronteiras de Deus. É este o
caminho da conversão.
Meditação:
§ Leia atentamente a
narração desta primeira manifestação e rejeição pública de Jesus na cidade de
onde se criara
§ Dá para entender
que, recordando Elias e Eliseu, Jesus está pedindo que a Igreja abra suas
portas às pessoas discriminadas?
§ Em que medida também
nós estaríamos alimentando a ideia de que Deus deve beneficiar primeiro os
“nossos”?
§ No horizonte da
Campanha da Fraternidade, quem faria parte desses grupos considerados
desprezíveis e “estrangeiros”?
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