sexta-feira, 21 de março de 2025

A paciência de Deus

PARA QUÊ UMA FIGUEIRA ESTÉRIL?

Jesus esforçava-se de muitas formas para despertar nas pessoas a conversão a Deus. Essa era a sua verdadeira paixão. Ele anunciava que chegou o momento de procurar o reino de Deus e a sua justiça, a hora de nos dedicarmos a construir uma vida mais justa e humana, tal como a quer Ele.

Segundo o evangelho de Lucas, Jesus pronunciou em certa ocasião uma pequena parábola sobre uma figueira estéril. Ele queria desbloquear a atitude indiferente de quem o ouvia, sem responder praticamente ao seu apelo. O relato é breve e claro.

Um proprietário tem plantada no meio da sua vinha uma figueira. Durante muito tempo foi procurar frutos nela. No entanto, ano após ano, a figueira frustrou as suas expectativas. Aí permaneceu, estéril no meio da vinha.

O proprietário toma a decisão mais sensata. A figueira não produz frutos e absorve inutilmente as energias da terra. O mais razoável é cortá-la. «Porque é que vai ocupar um terreno sem produzir nada?»

Contra toda a sensatez, o viticultor propõe-se fazer todo o possível para a salvar a figueira. Escavará a terra em redor da figueira, para que esta tenha a humidade necessária, e acrescentará estrume, para que se possa alimentar. Sustentada pelo amor, pela confiança e pela preocupação do seu cuidador, a figueira é convidada a dar fruto. Saberá responder?

A parábola foi contada para provocar a nossa reação. Para que serve uma figueira sem figos? Para que serve uma vida estéril e sem criatividade? Qual o sentido de um cristianismo sem o seguimento prático a Jesus? Qual é a relevância de uma Igreja sem dedicação ao reino de Deus?

Para que serve uma religião que não nos muda o coração? Para que um culto sem conversão e uma prática que nos acalma e confirma o nosso bem-estar? Para que preocuparmo-nos tanto em ocupar um lugar importante na sociedade se não introduzimos força transformadora com as nossas vidas? Para que serve falar das raízes cristãs da Europa e da América se não é possível ver os frutos cristãos dos seguidores de Jesus?

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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