A medida do amor cristão é amar sem impor condições | 652 | 13.03.2025 | Mateus 5,43-48
Na escuta do evangelho de ontem, fomos
provocados a viver uma justiça maior do que a justiça dos fariseus. “Não matar”
não é a medida máxima, mas a medida mínima do amor. Porque nosso próximo, sendo
diferente, e até mesmo divergente de nós, é um dom, um presente, relacionar-se bem
com ele jamais será um peso, uma grande alegria. E o caminho para isso é a
disposição permanente à reconciliação.
No trecho do evangelho que estamos meditando
hoje, Jesus nos oferece um segundo exemplo de uma justiça maior que a justiça dos
fariseus: não basta amar o próximo (aqueles que são iguais, pertencem ao mesmo
sangue, à mesma religião, à mesma ideologia, ao mesmo grupo de interesses) e
cultivar uma olímpica indiferença ou uma belicosa agressividade com os inimigos
(os outros, os diferentes, os adversários, os que não pertencem aos nossos
círculos de relacionamento).
A reciprocidade entre amigos e próximos pode
ser sinal de egoísmo de grupo e não ter nada de Evangelho ou de cristão. “Os
pagãos e os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?” O amor não é
espontaneidade, gentileza acomodada que evita a realidade e os conflitos, nem
algo facultativo, que depende da ocasião ou do estado de espírito. Para os
cristãos, o amor é atitude e decisão. E a experiência demonstra que é mais
fácil odiar os inimigos que amar o próximo.
Para Jesus, e para quem segue seu caminho, a
medida do amor é o próprio Deus, que envia o sol e a chuva para maus e bons.
Ele é pai que dá vida de forma indiscriminada e incondicional, por mais que não
gostemos disso. Deus é perfeito no seu amor, e o amor perfeito deve ser pleno e
inclusivo, e não dividido ou condicional. E os filhos devem imitar o Pai, como
os discípulos devem imitar o Mestre.
O amor aos
inimigos, aos que se opõem a nós ou nos perseguem, é o mandamento mais exigente
de Jesus. Amar concreto e em bitola universal é um desafio que pede profecia e
um estilo de vida contra cultural e alternativo, que não ignora nem protege
relações iníquas e distorcidas. O poeta nos pede para amar como se não houvesse
amanhã. Mas é mais correto dizer: amemos e cuidemos, para que haja amanhã.
Meditação:
§
Que impacto tem sobre você este ensino de
Jesus: não é suficiente amar os próximos, é preciso amar os inimigos?
§
Como entender hoje a contraposição que Jesus
faz entre o amor aos iguais (reciprocidade) e o amor aos inimigos (gratuidade)?
§
Como você, sua família e sua comunidade podem
concretizar este ensinamento de Jesus de amar e respeitar os “diferentes”?
§
Quem são as pessoas que hoje você vê como
ameaça ou inimigo?
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