Deus é Pai e se alegra quando os vulneráveis têm mais vida | 659 | 22.03.2025
| Lucas 15,1-3.11-32
Avançando em nossa caminhada quaresmal, a Igreja
nos brinda hoje com uma das mais belas e conhecidas páginas dos evangelhos: a
conhecida parábola do filho pródigo, que seria mais justo designar como
parábola do pai misericordioso. Explico: partindo das tensões descritas nos
versos 1-3, fica claro que o personagem central da cena não é o filho mais novo.
Os protagonistas são o pai e o filho mais velho.
Enquanto os publicanos e demais categorias de gente
considerada “pecadora” se aproximam e confraternizam com Jesus, os fariseus o
acusam de misturar-se e aliar-se com gente suspeita. Evidentemente, quem
critica e acusa se sente melhor que os outros, superior, com mais méritos que
aqueles que são acolhidos por Jesus. E a parábola tem exatamente o objetivo de
ilustrar como Deus costuma tratar seus filhos e filhas.
Observemos que o pai tem dois filhos: o filho mais
novo cai na miséria mais extrema, vivendo como estrangeiro e forçado a se
alimentar da ração dada aos porcos (imagem dos publicanos e demais pecadores);
o filho mais velho, cumpridor minucioso das leis e costumes, tem tudo e mais do
que necessita (figura dos fariseus). O primeiro tem a sensação de não ser filho
de Deus; o segundo, se vê cheio de direitos e não aceita a misericórdia.
O pai, que é figura e imagem do Deus do Reino, em
nome de quem Jesus vem e age, trata a ambos como filhos necessitados de
acolhida e amparo, mesmo que não mereçam este tratamento. O pai não se
interessa pela contrição do filho em situação de miséria e nem deixa que ele termine
seu “ato de contrição”. Deus é Pai, e não juiz ou delegado de polícia! Ele não
trata ninguém como empregado, pois todos são seus filhos, e jamais deixam de
sê-lo. Neste mundo, que é sua casa, ele não quer que uns fiquem com tudo e
outros fiquem sem nada, que uns lamentem e outros festejem.
É claro que esta parábola é um chamado contundente
à conversão. Mas este chamado à conversão é dirigido ao filho mais velho! Pois
é ele que não reconhece o amor do pai, não dialoga com o irmão, não o
reconhece, nega a fraternidade que torna todos iguais, e defende a primazia do mérito,
que nos separa e nos coloca uns acima dos outros. O filho mais novo, mais
necessitado, entra para a festa. E o filho mais velho, será capaz de entrar?
Meditação:
§ Leia atentamente essa parábola, considerando
os versículos iniciais e a atitude do pai e do irmão mais velho
§ Qual é hoje a reação dos cristãos diante do
chamado da Igreja e do Papa a uma fraternidade sem fronteiras?
§ Como você se sente diante dessa parábola? Você
concorda e aceita tranquilamente a atitude do pai?
§ Com qual dos três personagens você se sente
identificado? Com qual deles precisa se identificar para seguir Jesus de
verdade?
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