COMO JESUS EXPERIMENTA DEUS?
Jesus não queria que o povo da Galileia
sentisse Deus como um rei, um senhor ou um juiz. Ele experimentou-o como um pai
incrivelmente bom. Na parábola do bom pai mostrou-lhes como imaginava Deus.
Deus é como um pai que não pensa na sua
própria herança. Respeite as decisões dos seus filhos. Não se ofende quando um
deles o considera morto e lhe pede a sua parte na herança.
Vê-o sair de casa com tristeza, mas
nunca o esquece. Aquele filho poderá sempre voltar para casa sem medo. Quando
um dia o vê chegar faminto e humilhado, o pai comove-se, perde o controlo e
corre ao encontro do filho.
Esquece a sua dignidade de senhor da
família e abraça-o e beija-o efusivamente como uma mãe. Interrompe a sua
confissão para poupá-lo a mais humilhações. Já sofreu o suficiente. Não
necessita de explicações para o receber como filho. Não impõe qualquer punição.
Não lhe exige um ritual de purificação. Não parece sentir sequer a necessidade
de manifestar-lhe o seu perdão. Não é necessário. Nunca deixou de o amar.
Sempre procurou para ele o melhor.
Ele mesmo se preocupa de que o seu
filho se sinta de novo bem. Oferece-lhe o anel da casa e o melhor vestido.
Oferece uma festa para toda a cidade. Haverá banquete, música e dança. O filho
deve conhecer junto do pai a boa celebração da vida, não a diversão falsa que
procurava entre as prostitutas pagãs.
Assim sentia Jesus a Deus e assim o
repetiria também hoje a quem vive longe d’Ele e começam a ver-se como
«perdidos» no meio da vida. Qualquer teologia, pregação ou catequese que
esqueça esta parábola central de Jesus e impede de experimentar Deus como Pai
respeitoso e bom, que acolhe os seus filhos e filhas perdidos, oferecendo-lhes
o seu perdão gratuito e incondicional, não provém de Jesus nem transmite a sua
Boa Nova de Deus.
José Antônio Pagola
Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez
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