domingo, 9 de março de 2025

O Senhor nos interroga em cada criatura que precisa de nós

O Senhor nos interroga em cada criatura que precisa de nós | 647 | 10.03.2025 | Mateus 25,31-46

Esta parábola faz parte dos ‘discursos escatológicos’ de Jesus. É uma catequese que nos leva imaginariamente ao fim dos tempos para destacar o que realmente tem valor no nosso tempo. É claro que, dizendo que o Filho do Homem virá ‘na sua glória’ e se sentará em seu ‘trono glorioso’, Mateus está comparando Jesus a um rei. A expressão ‘Senhor’ também tem o mesmo sentido, pois esse era o apelativo com o qual o povo se dirigia aos chefes, reis e imperadores. Meditemos o texto em perspectiva quaresmal.

Esta parábola aproxima Jesus da imagem do juiz. “Todos os povos serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”. Julgar significa aqui discernir o verdadeiro valor das ações concretas das pessoas, separadas em dois grupos, a partir daquilo que fizeram, e não a partir dos títulos ou das intenções. Mas é interessante perceber que, mesmo no papel de juiz, Jesus age como pastor.

Não podemos esquecer que Jesus decidiu sentar-se à mesa como conviva dos pecadores, e não como juiz na mesa de um tribunal. Sua vida comprova que ele foi ao encontro dos marginalizados e assumiu a causa deles. Não os esperou sentado na cadeira de juiz! João Batista o anuncia como ‘cordeiro de Deus’, como aquele que dá a vida em resgate por muitos. E no confronto com as autoridades do seu tempo e com as ambições de poder dos discípulos, o próprio Jesus declara: “Eu estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lc 22,27). A vivência do espírito quaresmal pede que nos coloquemos na perspectiva de quem serve, de quem dá o melhor de si mesmo pelos irmãos e irmãs, especialmente pelos que sofrem.

O mais importante, porém, está um pouco escondido nessa instigante parábola. Diante da pergunta sobre quando foi que o servimos, ele responde: “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram...” Jesus é filho da humanidade, irmão dos homens e mulheres mais necessitados, irmão daqueles que passam fome e sede, dos migrantes e doentes, dos pobres e presidiários. Irmão universal, isto é, de todas as criaturas. Um cristão não pode passar ao largo das necessidades do próximo, pois estaria deixando de lado o próprio Cristo. E pensar no próximo hoje é também preocupar-se com a natureza e a sociedade que entregaremos às futuras gerações.

                                                 

Meditação:

§ Leia atentamente, palavra por palavra, e contemple gesto por gesto esta memorável parábola de Jesus

§ Escute atentamente as perguntas dos dois grupos de personagens, assim como as palavras do juiz

§ Em qual dos dois grupos você pode se situar, honestamente? Quais suas atitudes e ações que justificam essa identificação?

§ Como essa parábola pode nos ajudar a construir uma fraternidade sem fronteiras e a cuidar da ‘casa comum’?

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