sábado, 29 de março de 2025

Reconciliemo-nos!

Reconciliemo-nos com Deus, com os irmãos e com a natureza! | 667 | 30.03.2025 | Lucas 15,1-3.11-32

Avançando em nossa caminhada quaresmal, neste quarto domingo a Igreja nos brinda hoje com uma das mais belas e conhecidas páginas dos evangelhos: a conhecida parábola do filho pródigo, que seria mais justo chamar de “parábola do pai misericordioso”. Explico: partindo das tensões descritas nos versos 1-3, fica claro que os protagonistas são o pai e o filho mais velho, e o personagem central da cena não é o filho mais novo.

Enquanto os publicanos e demais categorias de gente considerada “pecadora” se aproximam e confraternizam com Jesus, os fariseus o acusam de aliar-se com gente suspeita. Evidentemente, quem critica e acusa se sente melhor que os outros, superior ou com mais méritos que aqueles que são acolhidos por Jesus. E a parábola tem exatamente o objetivo de ilustrar como Deus costuma tratar seus filhos e filhas.

Observemos que o pai tem dois filhos: o filho mais novo cai na miséria mais extrema, vivendo como estrangeiro e forçado a se alimentar da ração dada aos porcos (imagem dos publicanos e demais pecadores); o filho mais velho, cumpridor minucioso das leis e costumes, tem tudo e mais do que necessita (figura dos fariseus). O primeiro tem a sensação de não ser filho de Deus; o segundo, se vê cheio de direitos e não aceita a misericórdia.

O pai, que é figura e imagem do Deus do Reino, em nome de quem Jesus age, trata a ambos como filhos necessitados de acolhida e amparo, mesmo que não mereçam este tratamento. O pai não se interessa pela contrição do filho em situação de miséria e nem deixa que ele termine seu “ato de contrição”. Deus é Pai, e não juiz ou delegado de polícia! Ele não trata ninguém como empregado, pois todos são seus filhos, e jamais deixam de sê-lo. Neste mundo, que é sua casa, ele não quer que uns fiquem com tudo e outros fiquem sem nada, que uns lamentem e outros festejem.

É claro que esta parábola é um chamado contundente à conversão. Mas este chamado é dirigido ao filho mais velho! É ele que não reconhece o amor do pai, não dialoga com o irmão, não o reconhece como tal, nega a fraternidade que torna todos iguais, e defende a primazia do mérito, que nos separa e nos coloca uns acima dos outros. O filho mais novo, mais necessitado, entra para a festa. E o filho mais velho, será capaz de fazê-lo?

 

Meditação:

§ Leia atentamente essa parábola, considerando os versículos iniciais e a atitude do pai e do irmão mais velho

§ Qual é hoje a reação dos cristãos diante do chamado da Igreja e do Papa a uma fraternidade sem fronteiras e a uma ecologia integral?

§ Como você se sente diante dessa parábola? Você concorda e aceita tranquilamente a atitude do pai?

§ Com qual dos três personagens você se sente identificado? Com qual deles precisa se identificar para seguir Jesus de verdade?

Um comentário:

Anônimo disse...

Reflexão lindíssima! Mto obrigada!