Quem acredita
na Palavra de Jesus verá a vida se multiplicar | 668 | 31.03.2025 | João 4,43-54
Esta cena está literariamente situada
logo após a cena do encontro e diálogo de Jesus com uma mulher samaritana. E
nós a contemplamos e acolhemos sua mensagem no contexto litúrgico e espiritual
da adesão à Boa Notícia do Reino de Deus e da conversão a ela, como sublinha o
tempo quaresmal. Converter-se é acreditar no Evangelho e assumi-lo como regra.
Jesus está voltando para a região onde se
criara, passando pela complicada região da Samaria: marcado pelo desprezo pelo
pessoal da Judeia, os samaritanos devolviam na mesma moeda. Mesmo sabendo que
os profetas são desprezados em sua própria terra, ele é recebido com boa
disposição, pois seus cidadãos haviam sido informados das ações de Jesus na
capital.
Informado sobre os sinais que Jesus realizara
no templo (expulsara os vendedores), um funcionário do rei busca em Jesus uma
ajuda para seu filho, que está gravemente enfermo. Quer que Jesus o cure, ao
que parece, preferencialmente com um milagre grandioso e espetacular.
Ao menos, é isso que que Jesus denota na sua
resposta ou advertência ao funcionário da corte. Quem é habituado aos
corredores do poder, age como tal e espera que Deus também intervenha no mundo
com gestos de poder. Ele mesmo trata o filho como dependente de um chefe, pois
o chama de “menino”, expressão que caracteriza menoridade.
O funcionário se dá conta que imagina Jesus apenas
como uma autoridade corajosa, poderosa e reformista, e pede a Jesus para
“descer”. Esse verbo diz mais que um movimento físico, e alude ao nível humano.
Jesus declara que o filho dele vive, sem dizer que ele estava curado. Jesus não
vai a Cafarnaum, mas “desce”: não realiza um gesto de poder, mas um gesto humano,
tão humano que revela sua divindade.
O funcionário do rei reconhece a força da
Palavra de Jesus e obedece a ela. É a Palavra de Jesus que devolve a vida. O
funcionário precisa ir e ver, mas não há nenhum gesto grandioso. Ele não deve
tratar o filho como dependente (“menino”) mas como filho. Jesus atende o pedido
desse homem pagão e próximo ao poder sem pedir nada em troca, pois está
disposto a ajudar a todos. Mas tudo acontece quando Jesus e o funcionário
“descem” da esfera das relações de poder à esfera das relações humanas.
Meditação:
§ Situe-se no interior da cena, observe a
atitude do funcionário do rei, assim como a postura e as palavras de Jesus
§ Você percebe como o funcionário real demonstra
pensar, falar e agir segundo a lógica das funções de poder?
§ Em que medida também nós esperamos de Jesus
gestos e ações espetaculares, que dispensem nossa colaboração?
§ Que mudanças em nosso modo de pensar e de agir
esta cena pede de nós, enquanto caminhamos para a páscoa?
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