quinta-feira, 13 de março de 2025

Se Deus levar em conta nossas faltas

Se Deus levar em conta nossas faltas, quem poderá subsistir?  | 651 | 13.03.2025 | Mateus 5,20-26

Depois de propor o caminho da felicidade plena e duradoura, Jesus sublinha que esse caminho requer a vivência de uma justiça maior que aquela demonstrada pelos escribas e fariseus. E dá uma série de exemplos, dos quais o texto de hoje nos apresenta o primeiro. Jesus parte das Escrituras Sagradas, mas não se detém na lei fria. Para ele, a Escritura tem por fim assegurar a proteção social dos vulneráveis e a comunhão harmônica no interior da comunidade.

Nesta perspectiva, Jesus reinterpreta o 5º mandamento da lei de Moisés, ciente de que o homicídio começa bem antes do ato concreto que o realiza, e tem suas raízes na falta de respeito à dignidade de quem é diferente de nós, configurada na raiva e no insulto. Não matar não é o teto da justiça, mas seu mínimo, ou seu ponto de partida. A fraternidade sem fronteiras e a reconciliação sempre renovada são exigências primárias do Evangelho do Reino, e os discípulos não podem ignorar isso.

A justiça maior que aquela ostentada pelos fariseus se expressa na vivência da fraternidade e da reconciliação, ou seja: permitindo e agindo para que o diferente seja acolhido e viva dignamente. Isso é tão importante e decisivo que Jesus ensina que a nossa comunhão com Deus depende da reconciliação com as pessoas e grupos que divergem de nós e até nos perseguem. A atitude de pacificação e reconciliação é mais importante que a doutrina ortodoxa e o culto divino!

É claro que Jesus não recomenda fazer um momento de parada durante a celebração ou a apresentação das oferendas. Ele usa esta imagem forte para reforçar a absoluta importância de cultivar, manter e reatar os vínculos que, tanto do ponto de vista humano como religioso, nos une ao próximo. E não se trata apenas de constatar que ofendemos alguém e isso nos pesa na consciência. Jesus nos pede para verificar se nós mesmos agimos mal e provocamos dano e ressentimento nos outros.

O nosso próximo, sendo diferente, e até mesmo divergente de nós, é um dom, um presente. Relacionar-se fraternalmente com ele não pode jamais ser um peso, mas sempre uma grande alegria, mesmo quando comporta exigências. Talvez seja importante começar pela pacificação da linguagem.

                                                                  

Meditação:

§ Que impacto tem sobre você este ensino de Jesus: não é suficiente não matar, é preciso evitar a raiva e o insulto?

§ Quais são as consequências do conselho de interromper o culto e as ofertas para primeiro se reconciliar com quem prejudicamos?

§ Como você, sua família e sua comunidade podem exercitar este ensinamento de Jesus?

§ Com quem você precisa se reconciliar hoje? Quem são as pessoas que poderiam ter uma queixa contra você?

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