quinta-feira, 18 de outubro de 2018

110 anos da morte do Pe. Berthier (3)


Amor terno, generoso e perseverante ao próximo
O Padre Berthier ensinava que o amor é “o sentimento mais perfeito, e é para produzi-lo em nós que Jesus Cristo doou sua vida”. Movido por essa convicção, o Fundador viveu um intenso, generoso e criativo amor ao próximo. Esse amor se tornou palpável especialmente no seu zelo apostólico, no seu relacionamento afável, na sua dedicação às vocações, no seu amor pelos pobres e na sua cuidadosa atenção aos doentes.
Em relação ao zelo pastoral, a meta prioritária de todo ação apostólica do Fundador era conduzir as pessoas à perfeição no amor, conduzir à santidade. Essa é uma das razões pelas quais ele jamais abandonou o serviço aos romeiros no Santuário, especialmente no confessionário, assim como o exigente ministério da direção espiritual. Segundo o bispo Dom Paulot, é isso que também transparece em todas as obras que escreveu. Segundo um colega Saletino, ele jamais se acomodou aos caminhos mais convencionais ou fáceis. Além de dedicar-se incansavelmente a esta finalidade, o Fundador estimulou fortemente seus discípulos a fazerem o mesmo. Para ele, o fundamento do zelo pastoral “é o amor de Nosso Senhor e o amor ao próximo em vista dele”, como escreveu.
O relacionamento afável com todas as pessoas causou profunda impressão em quem conheceu o Padre Berthier. Diz uma testemunha: “Seu amor se manifestava de modo extraordinário na sua afabilidade, na sua vida exemplar, nas suas palavras e ações. Quando eu saía com ela à cidade, percebia que as pessoas ficavam visivelmente impressionadas com sua amabilidade. Ele saudava amavelmente todas as pessoas, inclusive às crianças, para quem tirava o chapéu e dizia: ‘Bom dia, meu filho, bom dia meu pequeno!” Muitos vocacionados, posteriormente discípulos seus, testemunham que a precariedade da casa de Grave assustava, mas a amabilidade do Fundador os atraía e consolava. “A presença do Padre Fundador fazia-me esquecer todas as dificuldades.” Essa mesma afabilidade ele a manifestava no confessionário, e por isso atraía muita gente.
Outra manifestação do seu amor ao próximo é a dedicação do Padre Berthier à orientação vocacional. Durante toda a sua vida, o Fundador deu à pastoral das vocações um lugar prioritário, sobretudo às vocações apostólicas e àquelas para as quais as portas tradicionais estavam fechadas. E isso ainda como missionário Saletino, bem antes de fundar a Congregação dos Missionários da Sagrada Família. Era grande sua fama como diretor espiritual e orientador vocacional mediante a correspondência. Quem ama o próximo, leva a sério a tarefa de ajudá-lo a encontrar e desenvolver sua vocação.
Uma quarta expressão desse amor ao próximo é o amor aos pobres, entre os quais seus próprios vocacionados ocupavam o primeiro lugar. É para estes que o Padre Berthier pensou a Congregação. Ele não media esforços e trabalhava sem descanso para abrir uma vaga a uma vocação pobre. Como escrevera, ele nunca esqueceu que “as pessoas pobres, enfermas, surdas, com inteligência limitada ou aparência repugnante devem ser as mais importantes para o verdadeiro discípulo de Jesus Cristo”. “Mesmo tendo pouco, ele não fechava a mão aos pobres”, diz uma testemunha. “Ele nunca despediu um pedinte sem nada”, atesta outra. Com esta fama, eram muitos os pobres que recorriam sempre a ele.
A atenção que o Padre Berthier dedicava aos doentes é uma outra expressão do seu amor pelos pobres. Ele os ajudava com visitas, donativos, orientações, inclusive com seus conhecimentos sobre ervas medicinais. Várias testemunhas afirmam que o Fundador conhecia muitos doentes pelo nome, e sempre buscava saber se estavam se recuperando. Quando os doentes eram seus formandos, esse cuidado era redobrado. Em vista dos doentes, o Fundador organizou uma enfermaria e um pequeno abrigo. Se a enfermidade era mais grave, remetia-os a algum médico conhecido seu. E quando os doentes estavam em fase terminal, Padre Berthier não media esforços para que recebessem os sacramentos e para permanecer o mais possível ao lado deles. E isso ele ensinou também aos seus discípulos.
Itacir Brassiani msf
                                                                                     

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