terça-feira, 16 de outubro de 2018

110 anos da morte do Pe. Berthier


Sinais de santidade do Padre João Berthier ms

Hoje recordamos os 110 anos da páscoa no Pe. João Berthier. Já por ocasião da morte do Fundador, falava-se abertamente da sua fama de santidade. “Nós o vimos sempre como um santo, um homem de Deus”, diziam muitos dos seus discípulos. A mesma convicção era expressa pelo povo de Grave e por alguns hierarcas da Igreja, entre os quais o Cardeal Rampolla, e Bispo de Bois-le-Duc (em cuja diocese pertencia Grave), o vigário apostólico na China, um bispo greco-católico na Líbia, e vários outros. No período que vai da sua morte à abertura do processo de beatificação (1908-1950) essa fama só fez crescer. Muita gente visitava sua tumba para pedir sua intercessão, novenas eram rezadas por ele, e diversas curas foram atribuídas à sua intercessão. Em 20 anos (1930-1950), o Governo Geral recebeu mais de 160 cartas testemunhando graças e milagres obtidos pela intercessão do Pe. Berthier: curas, conversões pessoais, reconciliação familiar, conversões, decisões vocacionais, etc.

Uma fé profunda e ativa
Tudo na vida do Pe. Berthier era iluminado e sustentado pela perspectiva da fé. Homem de Deus, ele vivia e trabalhava por Deus e sua glória. Sem uma fé robusta ele não teria ousado tanto. Segundo seus contemporâneos, ele demonstrava uma fé ardente e profunda, e isso era notável especialmente na convicção com que falava e pregava. Após participar de um momento de formação guiada pelo Pe. Berthier, um professo Saletino testemunhava: “Quando ele nos falava, eu sentia que o homem velho agonizava em mim...”
Esta fé profunda e ativa se manifestava também na sua adesão firme à fé e aos ensinamentos da Igreja. O ‘sentire cum ecclesia’ era o dinamismo intrínseco da sua vida. “Todos os dias ele repetia que nós deveríamos assimilar a doutrina da Igreja, da Escritura e dos Santos Padres”, testemunha um dos seus discípulos. E isso o nosso Fundador demonstrou tanto na sua pregação como nos inúmeros livros que escreveu, alguns com grande divulgação e penetração popular.
Essa fé jorrava da sua profunda união com Deus e sua vontade, de um espírito de oração e da permanente busca da conversão pessoal. “Quando ele rezava, era como se tivesse morrido para o mundo que o circundava”, testemunha um discípulo. Era como se estivesse preso pelo amor, e isso era visível nos seus gestos e em todo seu ser, testemunha outro. “Quando ele rezava na capela, era como se estivesse mergulhado em Deus, e isso nós não esqueceremos jamais.” Além disso, segundo vários testemunhos, ele via Deus na natureza, especialmente nas flores e ervas...

Uma esperança serena e inspiradora
Para o Padre Berthier, a virtude da esperança está estreitamente relacionada com a união mística com Deus, a comunhão plena com o Mistério trinitário, o céu. Este pensamento e esta convicção se mostram de modo assaz vivo quando ele falava, serenamente, da morte que se aproximava, e, mais ainda, na sua inabalável confiança na Providência de Deus. O Pároco de Grave chamava o Padre Berthier de “homem da Província”.
Sua aventura como Fundador, ao iniciar sua obra com mais de 50 anos e doente, é a prova mais contundente da sua confiança da Divina Providência. O bispo Dom Paulot não hesita em afirmar: “A coragem que ele demonstrou numa hora avançada da sua vida, sem o mínimo de recursos e num país estrangeiro, comprovam uma assistência extraordinária da Providência.” E isso sem falar no enfrentamento das diversas dificuldades que o esperavam nos primeiros anos da Fundação. Tudo era tão primitivo, limitado e difícil que ele não poderia ter feito nada sem a ajuda de Deus, testemunha um formando.
E o que dizer da dificuldade causada pela demora na aprovação do Instituto pela Santa Sé, consequência de falta de clareza e de várias incompreensões no interior da Igreja? “Se isso é coisa de Deus, dizia ele, Deus mesmo proverá...” “Contra toda esperança humana, ele tinha esperança de que sua iniciativa se desenvolveria”, diz uma testemunha. “Quanto maiores são as dificuldades que enfrentamos, mais devemos nos convencer de que esta Obra é inspirada por Deus”, repetia ele.
Dessa confiança inabalável em Deus brotava a calma e a serenidade que marcaram a vida do Padre Berthier. “Deus nos tem sempre ajudado, e precisamos crer que ele continuará nos ajudando”, dizia ele aos discípulos. “Ele estava sempre tranquilo. Quando um vocacionado deixava a casa, lágrimas rolavam no rosto dele, o que demonstra que ele sofria interiormente. Mas ele se mantinha calmo e não dizia nada. Mesmo diante das diversas desistências, às vezes de turmas inteiras, ele jamais se queixava. Apenas dizia: “Que a vontade de Deus seja feita.” Mesmo quando estava enfermo ou contrariado, ele mantinha a gravidade, a bondade e a alegria, diz uma testemunha.
Itacir Brassiani msf

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